As negociações entre os Conservadores e os Trabalhistas britânicos continuam a correr – penosamente, segundo alguns observadores – sem que nenhum dos lado pareça acreditar verdadeiramente que cheguem a uma base de entendimento. Mas já acordaram uma data para fazerem aprovar aquilo que até lá conseguirem: 2 de julho. Uma espécie de data limite: se o acordo de saída passar na Câmara dos Comuns até esta data, os deputados britânicos que forem eleitos para o Parlamento Europeu não terão, em princípio, que assumir os seus lugares.
Mas os analistas chamam precisamente a atenção para o facto de a data prevista para o regresso do acordo ao parlamento britânico ter a ver com as eleições europeias e não com o processo de decisão bipartido entre Conservadores e Trabalhistas. Ou, dito de outro modo: o acordo entre as duas partes está ainda muito longe de ser concretizado num documento aceite por ambos e com alguma perspetiva de passar no crivo parlamentar.
É que, convém não esquecer, o Parlamento está cheio de Conservadores e Trabalhistas que, é certo que por razões diferentes, não estão disponíveis para aceitar aquilo que o grupo de trabalho vier a propor.
Do lado dos Conservadores, a recusa tem a ver com a eventualidade de o acordo prever uma união aduaneira com a Europa a 27. Dizem os deputados que não apoiam esta medida que uma união aduaneira é uma forma encapotada de não sair da União Europeia e que por isso votarão contra – principalmente se o acordo previr uma união definitiva, como querem os Trabalhistas, e não apenas provisória, como querem os Conservadores.
Do lado dos deputados Trabalhistas, há um grupo que diz que votará contra o acordo, qualquer acordo, que não passe pelo crivo de um referendo – não um ‘novo referendo’ (dado que ninguém quer perguntar aos britânicos se querem ou não sair da União Europeia), mas um referendo sobre o acordo que sair das negociações atuais.
Posto isto, 2 de julho é apenas mais uma data.
Entretanto, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse ontem aquilo que já todos tinham entendido: o seu maior erro nestes cinco anos de presidência da Comissão foi não fazer campanha abertamente contra o referendo. “O meu maior erro foi não ter intervido durante a campanha do referendo Brexit no Reino Unido, porque a Comissão Europeia poderia ter refutado as mentiras que se espalharam”, disse – numa conferência de imprensa sobre a cimeira de hoje da União, na Roménia. Bruxelas permaneceu em silêncio a pedido de Londres, recordou Juncker.
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