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CMVM defende fusões e aquisições de empresas de auditoria

José Miguel Almeida, administrador da CMVM, frisou, no entanto que Comissão “é agnóstica em relação à opção do crescimento orgânico ou através fusões e aquisições”, o que defende é que a “atividade de auditoria requer massa crítica”.
29 Setembro 2025, 13h04

A Comissão de Mercado de Valores Mobiliários defende as operações de fusão e aquisição em firmas de auditoria, considerando que podem ser um dos meios para potenciar o investimento e contribuir para o aumento da qualidade da auditoria.

José Miguel Almeida, administrador da CMVM, frisou, no entanto que Comissão “é agnóstica em relação à opção do crescimento orgânico ou de fusões e aquisições”, o que defende é que a “atividade de auditoria requer massa crítica que permita fazer investimentos em tecnologia, talento, segurança”.

O administrador da entidade reguladora sublinhou a importância da dimensão para permitir contratar especialistas para apoiar auditorias a entidades mais complexas.

“A CMVM no diálogo que faz com os auditores, chama a atenção para as necessidades de investimento, por exemplo ao nível da implementação dos normativos como a implementação da ISQM 1 e 2 é uma implementação exigente, obriga a repensar a orgânica interna das auditoras e obriga a adaptar os sistemas tecnológicos, a dar formação, há que monitorizar continuamente, tudo coisas que consomem capital, pelo que as auditoras de maior dimensão conseguem diluir estes custos ao contrário da firmas de menor dimensão que arriscam a ficar numa situação deficitária”, disse José Miguel Almeida que sublinhou que as “fusões e aquisições são um dos caminhos para esta evolução”.

Desde 2018, na CMVM, registaram-se 13 fusões de SROC, sete das quais a partir de 2023.

A CMVM defende que as Fusões, Aquisições e a entrada de novos acionistas “permitem melhorar a auditoria desde que
existam mecanismos eficazes de governação, controlo e supervisão interna que garantem a independência, qualidade e integridade da atividade.

Isto tendo em conta as crescentes necessidades de tecnologias de informação e de cibersegurança que “impõem aos auditores uma reflexão crítica sobre a sua adoção”.

José Miguel Almeida citou ainda exemplos nos Estados Unidos e até na Europa onde os fundos de private equity que investem em firmas de auditoria.

“A abertura das firmas de auditoria ao capital proveniente de fundos de private equity tem motivado uma reflexão a nível internacional dada a relevância dos potenciais impactos desta evolução no exercício da atividade de auditoria”, refere a CMVM que acrescenta “a entrada de acionistas externos à profissão, incluindo fundos de private equity, exige estruturas de governo robustas, políticas que salvaguardem a independência e a qualidade da auditoria, bem como um compromisso claro com os princípios éticos que sustentam a sua função de interesse público e a confiança dos stakeholders”.

“Diversos organismos e autoridades de supervisão internacionais têm vindo a refletir sobre a entrada de fundos de private equity no capital das firmas de auditoria e concluem que essa situação pode reforçar os recursos financeiros disponíveis para investimento, nomeadamente em tecnologia, sistemas de controlo de qualidade, formação contínua e recrutamento especializado, bem como acelerar as estratégias de crescimento inorgânico, nomeadamente através de operações de fusão ou aquisição, potenciando o posicionamento da firma de auditoria no mercado”, refere o relatório.

No entanto “há riscos identificados que devem ser objeto de avaliação crítica e cuidada”, alerta a CMVM.

“Ameaças à independência, especialmente se os investidores exercerem uma influência significativa sobre decisões operacionais ou comerciais e não estiverem implementados mecanismos de monitorização e controlo robustos e adequados; desafios na compatibilização entre estratégias empresariais e a função de interesse público; e erosão da cultura organizacional e dos valores éticos profissionais”, refere o regulador.

A CMVM lembra que a virtude da dimensão das empresas de auditoria se vê por rácios quantitativos e destaca que entre em 2024 e 2023, “existe uma relação inequívoca entre o volume de negócios médio e o número médio de sócios, colaboradores e relatórios emitidos”.

O rácio entre o número médio de colaboradores e o número médio de sócios que assinam relatórios “revela diferenças expressivas”. A CMVM explica que um relatório de auditoria com maior número de pessoas envolvidas é um indicador da qualidade da auditoria, assim como o número de hora por sócio/auditor, com o menor número de horas por sócio a ser um rácio que revela melhor qualidade do trabalho.

“O rácio entre o número médio de colaboradores e o número médio de relatórios emitidos evidencia uma acentuada diferença em função do volume de negócios total das firmas. As firmas com um volume de negócios total superior a 12 milhões de euros apresentam um rácio 0,37 colaboradores por relatório, valor significativamente superior ao verificado nas firmas com volume de negócios entre 2 e 12 milhões de euros (0,13) e menor que 2 milhões (0,10)”, lê-se no relatório.

“No escalão superior a 12 milhões de euros, esse rácio atinge 30 colaboradores por sócio assinante, contrastando com 11 nas firmas com volume de negócios entre 2 e 12 milhões e quatro colaboradores por sócio nas restantes”, acrescenta a CMVM.

Já a amplitude média dos gastos com pessoal em relação ao volume de negócios total [49%;55%] em 2024 e [48%;54%] em 2023 manteve-se estável em 6 p.p. ainda que variando em função do escalão considerado, segundo o relatório.

“A proporção de fornecimentos e serviços externos em relação ao volume de negócios total variou em função de cada escalão ainda que as respetivas amplitudes tenham diminuído para 3 p.p. [36%;39%] em 2024 (10 p.p. [31%;41%] em 2023)”, acrescenta o documento.

“A proporção dos serviços de auditoria (em relação aos serviços distintos de auditoria) é decrescente em função do volume de negócios total das firmas (o que requer salvaguardas acrescidas e monitorização contínua)”, ainda segundo o relatório.

A CMVM aponta ainda como desafio das auditoras o reforço do governo e monitorização do trabalho do auditor, na nomeação do auditor nas EIP e na salvaguarda da independência.

 

 

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