Os acionistas da TAP – os representantes do Estado, os investidores privados Humberto Pedrosa e David Neeleman, e o representante dos trabalhadores que detêm 5% do capital da transportadora aérea – vão estar reunidos em assembleia geral (AG), na próxima segunda-feira, 29 de abril, para aprovar as contas do execício de 2018, que o conselho de administração anunciou a 22 de março como tendo um prejuízo de 118 milhões de euros, contra 21 milhões de euros de lucro apresentado em 2017. O Jornal Económico (JE) questionou o Ministério das Infraestruturas e da Habitação – que assegura a tutela sectorial da TAP – sobre a agenda da AG da TAP e o enquadramento dos prejuízos de 2018, mas o ministério liderado por Pedro Nuno Santos disse que não fazia declarações. No entanto, o JE sabe que os accionistas da TAP pretendem efetuar uma reavaliação da empresa para poderem avançar com o processo de alienação de uma parte dos direitos económicos que serão colocados junto de investidores financeiros assim que estejam criadas as condições de mercado propícias ao sucesso desta operação.
O JE também sabe que a atividade da TAP não teve um desempenho em linha com as expectativas existentes para o primeiro trimestre, mas, segundo fonte conhecedora da atividade da empresa, “esta evolução abaixo do que se esperava para janeiro, fevereiro e março não deverá impedir a empresa de atingir os objetivos que a equipa executiva traçou para o exercício de 2019”.
Na atividade da TAP pesam os 1229 novos trabalhadores contratados em 2018 – entre os quais figuram mais 250 pilotos – representando uma massa salarial de 43,6 milhões de euros por ano, num valor total de custos com pessoal que ascende a 680 milhões de euros, como referiu o gestor executivo da companhia aérea, Antonoaldo Neves, a 22 de março. A fatura de combustíveis, que em 2018 teve um impacto negativo de 169 milhões de euros nas contas da empresa (face a 2017), e a carga fiscal são outros dois pesos importantes na atividade da TAP. Em 2018 a companhia aérea “pagou 267 milhões de euros em impostos e contribuições sociais”, sendo “a maior exportadora de serviços de Portugal”, recordou então Antonoaldo Neves. Em sentido favorável, os novos aviões A320 NEO consomem menos 20% de combustivel, o que permitem uma poupança de 8% nos custos totais, segundo dados da TAP. Em março, o chairman da TAP, Miguel Frasquilho, admitiu que em 2019 “a empresa não precisa de pedir dinheiro aos seus acionistas”. Por seu turno, David Neeleman, acionista da TAP, reiterou que “o investimento na TAP faz sentido”. Em 2018 o impacto da TAP no turismo em Portugal foi da ordem dos 4 milhões de turistas, o que significa um aumento de 10% face a 2017, numa contribuição estimada em cerca de 5,5 mil milhões de receitas direta para o turismo nacional.
“Estamos a limpar as coisas na TAP e os custos de combustível vão ser melhores para o futuro”, referiu David Neeleman em março, ao JE, garantindo que “estamos a preparar a empresa para resolver a herança de 60 milhões de euros de dívida”. Aliás, será esse o objetivo da venda de direitos económicos, segundo o acionista.
Artigo publicado na edição nº 1986, de 26 de abril, do Jornal Económico
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