O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que a Rússia e a China estão a realizar testes nucleares “mas não falam sobre isso”, sem especificar a natureza dos mesmos, numa entrevista à CBS transmitida no domingo.
“A Rússia faz testes, e a China faz testes, mas não falam sobre isso”, afirmou o Presidente norte-americano numa entrevista com o programa “60 Minutes” da estação de televisão norte-americana.
“Vamos fazer testes porque outros fazem testes. A Coreia do Norte faz testes. O Paquistão faz testes”, afirmou também. “Sabe, por mais poderosas que sejam [as armas nucleares], o mundo é grande. Não se sabe necessariamente onde eles fazem testes. Eles fazem testes subterrâneos, em profundidade, onde as pessoas não sabem realmente o que está a acontecer. Sente-se uma pequena vibração. Eles fazem testes e nós não. Temos de fazer”.
“O que estou a dizer é que vamos fazer testes nucleares como outros países fazem”, insistiu Donald Trump, sem responder especificamente a uma pergunta sobre a detonação de cargas nucleares, algo que os Estados Unidos não fazem desde 1992.
O secretário da Energia norte-americano, Chris Wright, indicou no domingo na Fox News que não se tratava de “explosões nucleares”.
“São o que chamamos ‘explosões não críticas’, ou seja, testa-se todas as outras partes de uma arma nuclear para garantir que elas tenham a geometria adequada e que desencadeiem a explosão nuclear”, explicou.
“Os testes que vamos realizar são em novos sistemas e, mais uma vez, trata-se de explosões não nucleares”, insistiu o ministro.
Donald Trump suscitou grande preocupação e protestos em todo o mundo quando anunciou na quinta-feira que deu ordens ao Pentágono para “começar a testar as armas nucleares [dos EUA] em pé de igualdade” com a Rússia e a China.
Desde então, Trump reiterou a intenção de retomar os testes com armas nucleares, sem dizer exatamente o que planeava fazer.
A dúvida permanece: Trump está a falar de testes com armas capazes de transportar uma ogiva nuclear ou de detonações de cargas nucleares?
Esta decisão do inquilino da Casa Branca surge num contexto de tensões geopolíticas, num momento em que a retórica nuclear voltou à ribalta com a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.
Nenhuma potência realizou oficialmente um ensaio nuclear nas últimas três décadas, com exceção da Coreia do Norte (seis vezes entre 2006 e 2017). A Rússia não realiza ensaios desde 1990 e a China desde 1996.
Em contrapartida, muitos países, com os Estados Unidos à frente, realizam regularmente testes de vetores – mísseis, submarinos, caças ou outros.
Washington é signatária do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (TICE). Realizar uma explosão nuclear constituiria uma violação flagrante desse tratado.
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