Festa nos mercados financeiros com o fim à vista do “shutdown” nos Estados Unidos

A sessão de bolsa desta segunda-feira foi definitivamente marcada pelo entusiasmo dos investidores com o fim à vista do “shutdown” depois de os senadores terem dado um passo crucial rumo a um possível acordo para pôr fim à histórica paralisação do governo dos EUA.

Para além de Wall Street, foi também uma sessão muito positiva para as bolsas europeias, com os sinais de acordo para terminar com o maior shutdown governamental da história dos EUA a animarem os investidores. A banca liderou os ganhos e o BCP aproveitou o ambiente para valorizar 3,5%. Os setores cíclicos tiveram bom desempenho.

O Dow Jones Industrial Average subiu quase pontos, ou 0,81% fechando nos 47.368,63 pontos. O S&P 500 ganhou 1,54% para 6.832,42 pontos, enquanto o Nasdaq Composite avançou 2,27% para 23.527,17 pontos.

O Senado chegou a entendimento para prolongar o financiamento do Governo até janeiro. Para além de restabelecer uma normalização de serviços, o término da paralisação pode fazer chegar brevemente aos mercados muitos dos dados macroeconómicos cuja divulgação tem vindo a ser adiada, entre os quais os de criação de emprego e a evolução da inflação nos EUA. O setor tecnológico foi o mais entusiasmado.

A Nvidia, a Broadcom e outros líderes do mercado de inteligência artificial lideraram os ganhos, uma vez que um possível fim da paralisação reacendeu o apetite dos investidores pelo risco. As ações da Microsoft também subiram quase 1%, a caminho de interromper uma sequência de oito dias de perdas.

Os investidores devem manter uma visão otimista em relação às ações do setor da inteligência artificial, apesar das perdas que afetaram o mercado em geral na semana passada, de acordo com o UBS.

“Novembro tem sido um mês turbulento para os ativos de risco”, disse Tim Holland, diretor de investimentos da Orion, à CNBC, citando a ansiedade dos investidores em relação à paralisação, além das avaliações e de uma possível bolha da inteligência artificial, como os principais fatores para o recente pessimismo.

Os investidores continuam a acompanhar as negociações dos legisladores para aprovar um projeto de lei de financiamento federal que terminaria a paralisação.

Uma medida processual que permite a realização de outras votações sobre o acordo na segunda-feira foi aprovada por um mínimo de 60 votos a favor, depois de oito senadores da bancada democrata, mais moderados, terem concordado em avançar sem uma extensão garantida dos subsídios de saúde.

O acordo prevê a reabertura do governo em janeiro e a reversão de alguns dos recentes despedimentos em massa de funcionários federais. Inclui também proteções futuras para funcionários públicos. O acordo não inclui uma prorrogação dos subsídios da Lei de Acesso à Saúde (Affordable Care Act), um ponto crucial de discordância para a maioria dos democratas, mas prevê uma votação sobre os subsídios em dezembro.

Uma votação final no Senado sobre o projeto de lei de financiamento terá de ser realizada, seguida da aprovação pela Câmara dos Representantes. O presidente da Câmara, Mike Johnson, republicano do Louisiana, já pediu aos membros da Câmara que comecem a viajar para a capital do país para que a votação do acordo aconteça o mais rapidamente possível, o que espera que ocorra algures esta semana.

Os receios em relação à paralisação do governo levaram a confiança dos consumidores ao seu nível mais baixo em mais de três anos, pouco acima da pior marca de sempre, de acordo com um inquérito da Universidade de Michigan divulgado na sexta-feira. Devido ao encerramento, as agências federais deixaram de divulgar muitos relatórios económicos importantes, incluindo os índices de preços no consumidor e no produtor, que estavam programados para serem divulgados esta semana.

Donald Trump já disse que controladores de tráfego aéreo ‘devem voltar ao trabalho’ enquanto as interrupções de voos continuam devido à paralisação.

Noutros mercados os futuros do Petróleo fecharam em alta com otimismo sobre fim do shutdown e expectativa de relatórios macro. O avanço nas negociações nos EUA e pausa da OPEP+ na produção sustentam preços do WTI e Brent.

O petróleo WTI para dezembro, negociado na New York Mercantile Exchange (Nymex), fechou em alta de 0,64% ( para 60,13 dólares o barril. Já o Brent para janeiro, negociado na Intercontinental Exchange de Londres (ICE), avançou 0,68% para 64,06 dólares o barril.

O euro recua 0,0% para 1,1562 dólares.

Os juros da dívida soberana a 10 anos nos EUA sobem estão nos 4,11%. A dívida alemã também vê os juros subirem mas mais modestamente fixando-se a yield em 2,67%. Ao contrário Portugal apresenta uma queda dos juros de 0,82 pontos base para 3,02%.