Dos onze pontos que integraram a ordem de trabalhos da assembleia-geral anual do BCP, o ponto dois era o mais mediático. Com vista à deliberação “sobre a proposta de aplicação dos resultados para o exercício de 2018”, o BCP, liderado por Miguel Maya, propôs uma remuneração aos acionistas de 30,2 milhões de euros, a primeira desde 2011, e uma compensação aos trabalhadores de 12,6 milhões.
Estiveram representados 64,5% do capital social, acima dos 62,9% registados na assembleia-geral de 30 de maio de 2018. O ponto dois da ordem de trabalhos, que contemplava assim a distribuição de dividendos e a compensação aos trabalhadores foi aprovado com 99,98% dos votos.
As propostas foram dadas a conhecer no passado dia 21 de fevereiro na apresentação de resultados relativos ao exercício de 2018, ano em que o BCP atingiu lucros de 301,1 milhões. Assim, o dividend payout ratio – que calcula a porção dos lucros entregue aos acionistas – fixou-se em 10% e a distribuição de dividendos nos 0,002 euros por ação.
Além disso, Miguel Maya levou à assembleia-geral a compensação de cerca de 12,6 milhões aos colaboradores do banco que, entre junho de 2014 e junho de 2017, e que ganhavam a partir de mil euros brutos por mês, tiveram cortes salariais entre 3% e 11%.
Na apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2019, em março, Miguel Maya, disse que a compensação aos trabalhadores do banco era “mais generosa” do que a remuneração aos acionistas de 30 milhões, por corresponder a um terço dos lucros de 2018, acima do dividend payout ratio.
Tal como a distribuição de dividendos, a compensação aos trabalhadores foi aprovada em assembleia-geral, envolta da manifestação dos sindicatos que se fizeram ouvir junto às instalações do banco, no Taguspark. A 31 de março de 2019, o BCP tinha 7.262 colaboradores, a que se juntam cerca de 17 mil pensionistas.
A redução dos salários tinha sido acordada entre a administração do BCP e os trabalhadores no âmbito do acordo coletivo de trabalho, na redação publicada em 29 de março de 2014, no Boletim do Trabalho e Emprego nº12.
Na manifestação sindical, participaram cinco estruturas sindicais bancárias, nomeadamente o Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos e Bancários, o Sindicato dos Bancários do Norte, o Sindicato Independente da Banca, o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas e o Sindicato dos Bancários do Centro.
De acordo com a página oficial da internet do BCP, com dados a 31 de dezembro de 2018, são acionistas de referência do banco o Grupo Fosun, da China, com 27,06%, o Grupo Sonangol, de Angola, com 19,49%, a BlackRock, dos Estados Unidos, com 2,83% e o Grupo EDP, com 2,11%.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com