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Grécia e Turquia finalmente sentados à mesa das negociações

Os dois países da NATO abrem as primeiras negociações desde 2016 para resolver os problemas criados pela sobreposição de interesses nacionais antagónicos no Mediterrâneo Oriental.
25 Janeiro 2021, 17h20

Grécia e Turquia cederam finalmente às pressões da União Europeia e da NATO e abriram esta segunda-feira as primeiras negociações diretas desde 2016 sobre o impasse que os dois países mantêm no Mediterrâneo Oriental – e onde se misturam geopolítica e vontade de prospeção de petróleo e gás natural.

Num quadro em que os vasos de guerra dos dois países quase entraram em confronto direto no passado mês de agosto, o presidente turco, Recep Erdogan, vem desde então a insistir na necessidade de negociações. A União parece não ter ficado convencida da ‘bondade’ do gesto do presidente turco, e avançou para a imposição de sanções económicas a Ancara.

Citado por vários órgãos de comunicação social, o ministro das Relações Exteriores da Grécia, Nikos Dendias, disse que Atenas entra nas chamadas negociações exploratórias “de boa fé” e espera que do lado do seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, suceda o mesmo.

A falta de entendimento entre a Grécia e Turquia (com raízes seculares) resultou em mais de 60 reuniões sucedidas entre 2002 e 2016, mas foram interrompidas sem que tivessem chegado a um entendimento. O facto de, entretanto, se ter descoberto a existência de energia fóssil na região só veio piorar as relações entre vizinhos.

As hostilidades intensificaram-se no ano passado, quando Ancara enviou um navio de prospeção acompanhado por uma flotilha da Marinha para águas perto da costa turca, que a Grécia afirma, com o apoio da União, serem suas. A Turquia não aceita que a Grécia use a vasta rede de ilhas para reivindicar grandes extensões dos mares Egeu e Mediterrâneo.

A NATO acabou por ser chamada a intervir e criou uma linha direta de conversações para evitar um conflito militar. Ao mesmo tempo, a Alemanha liderou os esforços para resolver a disputa por meio de negociações que não isolem ainda mais Erdogan – mas alguns parceiros da União, nomeadamente a França, não quiseram secundar a posição germânica.

Mas o quadro do início de conversa não é unânime: Atenas quer limitar as discussões – lideradas pelo diplomata grego reformado Pavlos Apostolidis e pelo vice-ministro das Relações Exteriores turco, Sedat Onal – às fronteiras da plataforma continental e à extensão das zonas económicas exclusivas. Por seu lado, Ancara também quer conversar sobre a presença de tropas gregas em algumas das suas ilhas e quer discutir zonas aéreas.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, comentou num tweet após o início dos encontros, que, além das conversas, espera “gestos confiáveis ​​no terreno”.

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