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“Só fazes isto uma vez na vida”: a ousada (e polémica) ‘empreitada’ que colocou os anéis olímpicos na Torre Eiffel

Cinquenta toneladas foram colocadas na Torre Eiffel a 50 dias do início dos últimos Jogos Olímpicos em Paris. Pierre Engel, responsável pela empreitada, esteve em Portugal, no XV Congresso de Construção Metálica Mista, e explicou as dificuldades de concretizar um projeto desta dimensão.
21 Novembro 2025, 10h49

A 50 dias do início dos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, os parisienses acordaram surpreendidos: algo estava diferente na mítica Torre Eiffel. Durante a noite, os anéis olímpicos foram colocados a meio da estrutura, uma empreitada que teve tanto de virtuosa como de polémica.

A apresentação deste caso de estudo no painel “Grandes Obras” fechou o primeiro dia do XV Congresso de Construção Metálica Mista e, em paralelo, do I Congresso de Engenharia de Fachadas – uma organização da CMM – Associação Portuguesa de Construção Metálica e Mista, de que o Jornal Económico é media partner.

Pierre Engel é um especialista em construção e engenharia estrutural, com experiência em investigação, desenvolvimento, estudos, consultoria e gestão de projetos em França e internacionalmente. O especialista, que marcou presença neste evento que decorreu no Porto no final desta semana, especializou-se em estruturas de aço, reabilitação e grandes projetos de construção.

Pierre Engel, responsável máximo da Arcelor-Mittal, uma das mais produtoras de aço do mundo, explicou com grande entusiasmo todo o processo, cálculos e etapas que elevaram os anéis olímpicos numa estrutura tão emblemática como a Torre Eiffel: “Todos ficaram felizes por fazê-lo, é algo que só fazes uma vez na vida”, referiu.

Com um peso de 50 toneladas, os anéis chegaram em vários pedaços e foram montados e transformados nos famosos anéis olímpicos. Depois, deu-se a elevação – processo que decorreu durante a noite – até ao segundo andar da Torre Eiffel.

“Foi um trabalho muito técnico porque há vento e este é mais forte no inverno do que no verão. É um trabalho de equipa mas nem sempre concordamos entre nós e isso aconteceu neste trabalho”, explicou.
Os anéis olímpicos apresentam uma dimensão de 29 metros de comprimento e 13 metros de largura e iluminaram a Torre Eiffel durante os Jogos Olímpicos com 100 mil lâmpadas LED. Pierre Engel explicou que os anéis tiveram que ser fixados aos elementos mais robustos da estrutura e que foram necessários quinze técnicos especializados para os trabalhos verticais. Antes, foram efetuados vários estudos para confirmar que a operação podia avançar em segurança.

Como seria de esperar, uma empreitada desta dimensão e com este impacto mediático não podia deixar de ter alguma polémica à mistura. A presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, propôs que os anéis olímpicos se mantivessem na Torre Eiffel até à realização dos próximos Jogos Olímpicos, que vão decorrer em 2028 em Los Angeles. A ideia foi muito contestada, sobretudo pela associação de descendentes de Gustave Eiffel mas também pelo próprio Ministério da Cultura.

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