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25 Novembro: PS acusa Governo de instrumentalizar data e subordinar-se “à extrema-direita saudosista”

Na sessão solene evocativa do 50.º Aniversário do 25 de Novembro de 1975, que decorre no parlamento, pelo PS foi o deputado Marcos Perestrello a fazer a intervenção, com duras críticas ao Governo de Luís Montenegro pela “péssima ideia do Governo de comemorar o 25 de Novembro nos termos e nos modos em que o faz”.
25 Novembro 2025, 13h25

O PS acusou hoje o Governo de instrumentalizar de “maneira ilegítima” o 25 de Novembro de se subordinar “à extrema-direita saudosista”, com a restante esquerda a criticar a tentativa de reescrever a história desvalorizando o 25 de Abril.

Na sessão solene evocativa do 50.º Aniversário do 25 de Novembro de 1975, que decorre no parlamento, pelo PS foi o deputado Marcos Perestrello a fazer a intervenção, com duras críticas ao Governo de Luís Montenegro pela “péssima ideia do Governo de comemorar o 25 de Novembro nos termos e nos modos em que o faz”.

“A maneira ilegítima como o Governo, com a maioria que o apoia, quer apropriar-se do 25 de Novembro, instrumentalizando-o, constitui mais uma ação de subordinação à extrema-direita saudosista, que na verdade o que quer é encontrar um pretexto para negar o 25 de abril, a sua proeminência, o seu lugar cimeiro, fundamental e incomparável, que fechou o ciclo de 48 anos de ditadura”, criticou o socialista, recebendo palmas de pé da bancada do PS.

Para o deputado do PS “é um plano que intenta fazer uma apropriação mistificadora e manipuladora de um acontecimento histórico, mais própria de regimes não democráticos que tentam controlar e impor a sua versão do passado” e acaba por “resultar contra” o próprio 25 de Novembro porque deturpa o seu significado.

“O 25 de novembro não foi por isso um acontecimento isolado. Como acabei de referir, foi o culminar de um movimento de resistência civil à perversão totalitária do 25 de Abril”, enfatizou.

Marcos Perestrello considerou que o 25 de Novembro “representou uma vitória da democracia e da liberdade sobre os projetos revolucionários vanguardistas que tinham posto o país à beira da guerra civil” e uma “vitória do PS e dos democratas”.

“Não foi, como agora se quer fazer crer, uma vitória da direita sobre a esquerda. Longe disso”, atirou, ouvindo-se apartes das bancadas à direita que afirmaram que “ninguém disse isso”.

Segundo o deputado do PS, “a esquerda não democrática foi derrotada”, mas “também a direita não democrática sofreu uma pesada derrota” ao ter sido impedida a ilegalização do PCP e proibido na Constituição as organizações fascistas.

Enaltecendo a ação de Mário Soares, Perestrello citou-o no livro “Portugal: Que Revolução?”: “de uma só vez, o 25 de Novembro sufocou as veleidades suicidas da extrema-esquerda e cortou as vazas à extrema-direita”.

Entre os discursos da restante esquerda – o PCP voltou a estar ausente – o deputado do Livre e candidato presidencial Jorge Pinto enfatizou que, embora o 25 de Novembro tenha sido relevante para a construção democrática, data “nenhuma se aproxima nunca da data fundadora”, o 25 de Abril, afirmando que não se pode contar com o Livre para “qualquer reescrita da história”.

Citando Rodrigo Sousa e Castro, um dos militares subscritores do chamado “Documento dos Nove”, Jorge Pinto afirmou ainda que “as pessoas que querem agora comemorar o 25 de Novembro são as que o perderam, porque nenhum dos seus objetivos foi cumprido”, considerando que Portugal “deve orgulhar-se” do que conquistou nos últimos 50 anos.

A coordenadora e deputada única do BE, Mariana Mortágua, disse ver a sessão solene não como uma “homenagem à democracia”, mas “uma tentativa de reescrever a sua história pelas mãos das direitas que, não conseguindo superar o 25 de Abril, nem apagá-lo, tentam amputar-lhe o sentido”, acusando estes partidos de “esperarem covardemente meio século para tentar rever a história de Portugal”.

Inês de Sousa Real, porta-voz do PAN, lembrou esta data, “tantas vezes usado como arma de arremesso”, como o momento em que o país decidiu que “a democracia pluralista não seria um mero parêntesis, mas sim a regra”, mas lamentou que hoje seja impossível olhar para o hemiciclo e não “ver outra vez trincheiras” e um espaço onde “a cordialidade entre pares deu lugar à má educação institucionalizada”.


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