Fed e tecnológicas continuam no centro das preocupações dos investidores

Os mercados registaram um dia misto esta terça-feira, com o índice português a contrariar a tendência europeia, e apresentar um recuo de 0,03%, penalizado pelo setor energético.

O dia foi marcado pelo anúncio da Meta de que pondera utilizar os processadores TPU que a dona da Google, a Alphabet, está a desenvolver, em vez de utilizar os da Nvidia.

Isto fez com que as ações da Nvidia chegassem a cair 6%, enquanto as da Alphabet valorizassem quase 3%.

Na opinião dos analistas da XTB, se esta decisão se concretizar “pode ter implicações significativas para o mercado de hardware de IA e afetar a posição da Nvidia, que praticamente monopolizou o segmento de GPU na infraestrutura do centro de dados”.

“Os centros de dados são um pilar fundamental do negócio da Nvidia, representando aproximadamente 90% das receitas da empresa”, referem. “Caso a Meta e outras empresas venham a optar pelas soluções da Google, a Nvidia pode começar a perder clientes importantes neste segmento estratégico. Mesmo uma pequena redução da capacidade de computação nos centros de dados poderia ter um impacto mensurável nos resultados financeiros da empresa”, salientam.

“Para os investidores nos mercados, a situação da Nvidia está a tornar-se particularmente significativa. À medida que a Meta e outros líderes tecnológicos adotam potencialmente TPUs em maior escala, a Nvidia poderá ter de reconsiderar a sua estratégia de preços e acelerar o investimento em novas gerações de GPU para manter a sua vantagem no segmento mais rentável dos centros de dados. Estas ações podem afetar diretamente as margens e o crescimento das receitas nesta área crítica”, sublinham os analistas.

Outro assunto que tem estado presente na cabeça dos analistas é a próxima reunião da Reserva Federal (Fed). “Os recentes comentários dovish de responsáveis da Reserva Federal, juntamente com semanas de sinais contraditórios que colocaram as expectativas de um corte de juros em dezembro numa verdadeira montanha-russa, estão a alimentar a perceção de que a postura do banco central poderá estar a suavizar — uma dinâmica que é favorável ao ouro”, afirma Ricardo Evangelista, CEO da Activ Trades Europe.

As expectativas sobre um possível corte na reunião de dezembro têm ganho força, principalmente depois de comentários de vários responsáveis da Fed, o que já desencadeou uma recuperação positiva nos setores mais sensíveis às taxas de juro. “A ideia de uma Fed menos agressiva foi suficiente para inverter a pressão vendedora da sexta-feira passada, quando o Nasdaq recuou quase 5% em poucas horas”, refere Henrique Valente, analista da ActiveTrades Europa.

O analista afirma ainda que “as dúvidas sobre a longevidade do rali na inteligência artificial permanecem, mas, por agora, os sinais mantêm-se positivos. O apetite pelo risco aumentou e a narrativa voltou a centrar-se no crescimento. As próximas sessões serão decisivas para perceber se a correção dos índices terminou e se há espaço para testar novos máximos”.

Esta quarta-feira em destaque vai estar a votação na especialidade do OE2026, assim como a divulgação do relatório “Sector Empresarial do Estado” pelo Conselho de Finanças Públicas.