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Fragatas francesas ou italianas? Decisão está por horas

Naval Group e Fincantieri uniram forças em 2020 numa parceria estratégica, mas agora estão frente a frente na disputa pela venda de fragatas à Marinha portuguesa. O que oferecem?
28 Novembro 2025, 07h15

A deliberação do Ministério da Defesa sobre a compra de duas ou três fragatas para a Marinha portuguesa, que recairá no francês Naval Group ou no italiano Fincantieri, estará por horas. Isto porque está por horas, também, o fim do prazo das candidaturas a fundos europeus para o reforço das capacidades militares, com Portugal a ter acesso a verbas de 5,8 mil milhões de euros em empréstimos.

Na quarta-feira, o ministro da Defesa, Nuno Melo, comunicou que a decisão ainda não estava tomada, depois de um encontro com o homólogo italiano Guido Crosetto. De acordo com o inquilino do Forte de São Julião da Barra, onde a idD Portugal Defence e a Fincantieri assinaram, nesse mesmo dia, uma Declaração de Intenções sobre cooperação industrial bilateral, durante o Industry Day, a decisão “é fundamentalmente técnica”.

O investimento de até três mil milhões de euros do Estado português, segundo números do “Expresso”, em novos navios de guerra, supera os mil milhões de euros pagos à Alemanha por dois submarinos, até agora o maior negócio de sempre do setor da defesa.

A francesa FDI (frégate de défense et d’intervention) do Naval Group, com 122 metros de comprimento, e a FREMM EVO da Fincantieri, sediada em Trieste, com quase 145 metros de comprimento, são as candidatas à modernização da frota naval portuguesa, que conta atualmente com cinco fragatas. Consultando o Regulamento de Autoridade Portuária da APL – Administração do Porto de Lisboa, que refere que o acesso à base naval é feito pelo Canal do Alfeite, percebe-se que a oferta italiana ultrapassa a referência de comprimento: “os navios que se destinam à base naval não deverão ultrapassar os 135 metros”.

O Naval Group, que fechou recentemente um novo contrato para a venda da quarta fragata de nova geração à Marinha grega, consegue garantir a entrega de duas FDI por ano, ou seja, um a cada seis meses. A proposta foi entregue às autoridades portuguesas há cerca de um mês, segundo Guillaume Weisrock, vice-presidente sénior do NavalGroup para a Europa e América do Norte, que participou na reunião final, no passado domingo.

“Temos a única fragata multi-missão da nova geração”, afirmou o mesmo responsável em declarações a meios de comunicação, entre os quais o JE, em Lorient, onde o Naval Group constrói as FDI. Neste momento, o estaleiro tem seis fragatas da nova geração em construção, uma das quais a ser entregue às forças navais da Grécia até ao final do ano. “Temos confiança na oferta que entregámos às autoridades portuguesas”, garante.

“Dezenas de milhões de euros” no Arsenal do Alfeite
Esta semana, o grupo industrial francês, que tem meia centena de forças navais entre os seus clientes, tornou público que apresentou ao Governo português uma proposta para a modernização do Arsenal do Alfeite, em Almada, no qual está disponível para investir “dezenas de milhões de euros”.

No âmbito do plano, está prevista a criação de uma empresa detida pelo Naval Group e pelo Arsenal do Alfeite, que “irá gerir e executar todos os futuros contratos de manutenção para a Marinha Portuguesa, assegurando os mais elevados níveis de disponibilidade e desempenho operacional”.

A empresa liderada por Pierre Éric Pommellet refere, na mesma proposta, que pretende que 20% do custo das fragatas seja devolvido ao país. “É um retorno económico para a economia portuguesa,”, referiu Guillaume Weisrock à imprensa portuguesa.

Sobre as ambições para o Arsenal do Alfeite, cuja história se cruza com o Tratado de Versalhes, dado que a sua construção foi financiada pelas indemnizações alemãs após a primeira guerra mundial, o executivo francês diz que o estaleiro português “tem a experiência e a base para fazer a manutenção dos navios nas próximas décadas”. “Não é apenas uma parceria com o Alfeite, mas juntá-lo a nós como um hub industrial que oferece a manutenção para as FDI e para marinha portuguesa”, afirmou.

SAFE: 150 mil milhões para a defesa europeia

O mecanismo SAFE (Ação de Segurança para a Europa), adotado pelo Conselho da União Europeia (UE) em maio de 2025, destina 150 mil milhões de euros de assistência aos Estados-membros para o reforço e modernização das suas capacidades de resposta nos vários ramos das Forças Armadas.

Os empréstimos têm prazos até 45 anos, períodos de carência de até 10 anos, possibilidade de pré–financiamento de até 15% e isenção de IVA
nos contratos.

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