O Banco de Portugal anunciou hoje que em outubro foram celebrados 157 mil novos contratos de crédito aos consumidores, no montante total de 855 milhões de euros.
Uma análise por tipo de crédito mostra que o crédito renovável é a categoria mais relevante no número de contratos representa, em média, 58% do número total de novos contratos por mês.
O banco central ressalva que, no entanto, é a menos relevante em termos de montante já que representa, em média, 18% do montante total de novos contratos por mês.
O Banco de Portugal diz que o crédito renovável é contratado, em média, a um custo mais elevado. Em outubro, os novos contratos de crédito renovável apresentaram uma TAEG de 17,9%. O crédito pessoal e o crédito automóvel registaram TAEG de 12,0% e 10,4%, respetivamente.
Para analisar o custo do crédito, utiliza-se a taxa anual de encargos efetiva global (TAEG), que incorpora a taxa de juro contratualizada e outros encargos cobrados pela instituição de crédito, como comissões e impostos.
Os dados constam do BPstat, e dizem respeito a um subdomínio de crédito aos consumidores com estatísticas mensais de crédito pessoal, automóvel e renovável. Este subdomínio ajuda a medir quanto é que as famílias devem e quanto lhes custa o crédito.
A partir de hoje, o Banco de Portugal disponibilizará no BPstat informação mensal sobre crédito pessoal, crédito automóvel e crédito renovável concedido por bancos e outras instituições financeiras a particulares, sem fins comerciais ou profissionais, em Portugal.
“Esta informação está organizada num novo subdomínio dedicado ao crédito aos consumidores, que reúne, num único ponto de acesso, dados sobre o número de contratos, os montantes emprestados e o respetivo custo no momento de contratação”, explica o BdP que acrescenta que “neste contexto, consideram-se como crédito pessoal os empréstimos a pessoas singulares para, por exemplo, aquisição de mobiliário e equipamentos para o lar ou financiamento de despesas de educação, saúde ou transição energética; como crédito automóvel os empréstimos destinados à aquisição de automóveis ou outros veículos, novos ou usados. Incluem operações sob a forma de locação financeira ou aluguer de longa duração; e como crédito renovável (revolving) os contratos em que é definido um limite máximo de crédito (plafond) que pode ser utilizado e reutilizado à medida que o saldo em dívida vai sendo reembolsado. Incluem, por exemplo, cartões de crédito, facilidades de descoberto e linhas de crédito.
O novo subdomínio permite acompanhar tanto os novos contratos de crédito — montantes contratados em cada período de referência — como o stock de crédito vivo — valores em dívida no final de cada período, refere o Banco de Portugal.
Desde 2018 crédito renovável é o que o custo mais elevado em média
Desde 2018, o crédito renovável tem, em média, o custo médio contratualizado mais elevado. Nos últimos seis anos, a TAEG dos novos contratos de crédito renovável aumentou 3,6 pontos percentuais (pp), passando de 14,3%, em outubro de 2019, para 17,9% em outubro de 2025. No crédito pessoal e no crédito automóvel, o aumento foi menor: 2,2 pp e 2,0 pp, para 12,0% e 10,4%, respetivamente, refere o banco central.
Já na análise do tipo de taxa de juro, no período analisado, verifica-se que a maioria do montante de novos créditos aos consumidores foi contratada com taxa fixa ou mista. A taxa variável perdeu preponderância. Em outubro, os contratos com taxa fixa ou mista representavam 98% do montante de novos contratos de crédito pessoal e 97% do montante de novos contratos de crédito automóvel.
Intermediários de crédito já representam 82% do crédito automóvel
O Banco de Portugal revela que na análise do canal de comercialização, distingue-se entre contratação direta onde o o contrato é celebrado diretamente com a instituição de crédito; e a contratação indireta onde o contrato é celebrado através de um intermediário de crédito, que atua como mediador entre o consumidor e a instituição de crédito.
Portanto outra informação avançada diz respeito aos intermediários de crédito que têm um peso particularmente elevado no crédito automóvel. A contratação através destes intermediários representou 82% do novo crédito automóvel em outubro, revela o banco central.
“No crédito automóvel, os intermediários de crédito têm um peso particularmente elevado ao longo de todo o período em análise: a contratação através destes intermediários representou mais de 80% do montante de crédito automóvel. Em outubro, totalizava 82%”, lê-se na nota do Banco de Portugal.
Já no crédito pessoal e no crédito renovável, a contratação direta continua a ser predominante já que representou 81% e 54% do montante de novos contratos. Ainda assim, a relevância dos intermediários de crédito aumentou no último ano.
O banco central avança ainda que o crédito automóvel é a categoria de crédito com montante mediano mais elevado.
Em outubro, em metade dos novos contratos, o valor contratado foi igual ou superior a 14.400 euros. Já no crédito renovável, em pelo menos metade dos novos contratos, o montante contratado foi até 1.000 euros, situação que praticamente não se alterou ao longo de toda a série. No crédito renovável, o montante contratado corresponde ao limite máximo de crédito (plafond).
No que toca ao o prazo médio de contratação dos créditos para automóveis usados, o prazo médio de contratação dos créditos para automóveis usados foi sistematicamente superior ao dos créditos para veículos novos. Em outubro, o prazo médio dos contratos para veículos usados era de 7,6 anos, enquanto para veículos novos era de 6,3 anos.
O prazo médio de contratação corresponde à duração média, em anos, dos contratos celebrados no período de referência. Este indicador é calculado para o crédito pessoal e para o crédito automóvel, explica o banco central.
Stock de crédito aos consumidores ascende a 23,7 mil milhões de euros
Em outubro, o stock de crédito aos consumidores abrangia 6,3 milhões de contratos vivos, num montante total de 23,7 mil milhões de euros. O BdP diz que a maioria destes contratos correspondia a crédito renovável (3,7 milhões de contratos), embora esta modalidade representasse apenas 17% do montante total de crédito vivo (4 mil milhões de euros).
“No período em análise, os consumidores utilizaram entre 25% e 30% do plafond de crédito renovável contratado, o que mostra que a taxa de utilização tem permanecido relativamente estável ao longo do tempo. Em outubro, estava utilizado 27,05% do plafond de crédito renovável disponível”, segundo a nota.
A taxa de utilização do crédito renovável é calculada como o rácio entre o montante vivo e o montante total contratado (montante vivo mais montante ainda disponível). Este indicador mostra que parte do limite de crédito contratualizado está efetivamente a ser utilizada, refere o banco central.
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