Luís Montenegro disse na sexta-feira no parlamento que a greve geral “não faz sentido” do ponto de vista dos trabalhadores, considerando que tem motivações políticas e que a alteração da legislação laboral é apenas “um pretexto”.
“Não consigo qualificá-la como [uma greve com motivações políticas], acho que tem motivações políticas do lado da CGTP, certamente, como sempre tem tido. Do lado da UGT, não me parece que tenha havido essa motivação inicial, portanto, trata-se de uma divergência sobre o conteúdo do pacote laboral em que a greve, não havendo acordo, é um desfecho legítimo”, defendeu.
O secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, disse este sábado em entrevista à Lusa considerar “um erro” achar que a ministra do Trabalho está a fazer uma “leitura própria” das propostas do anteprojeto de revisão da legislação laboral, apontando Montenegro como o “primeiro responsável”, e considera a abertura negocial “uma falácia”.
Questionado pelos jornalistas sobre o tema, João Cotrim Figueiredo escusou-se a dar uma “opinião cabal” sobre a discussão.
O candidato presidencial considerou no entanto que a negociação “foi deixada em cima da mesa durante meses, sem explicação, sem enquadramento político” e, depois, “de repente”, quando o assunto chegou à ordem do dia já o Governo estava “com dificuldades de negociação, de comunicação”, resultando dessa forma a falta de entendimento.
Apesar de criticar algumas medidas do pacote laboral, João Cotrim Figueiredo não vetava o diploma como Presidente da República.
“Quando me perguntam se o sentido desta reforma é positivo e seria promulgável, sim. Mas, também já disse publicamente, das cento e tal medidas há pelo menos uma meia dúzia que eu não concordaria, mas o Presidente da República não está ali para promulgar só aquilo com que concorda a 100%”, alertou.
“Discute-se muito aqueles que não vão trabalhar no dia 11 e não o irão fazer aderindo à greve geral. Discute-se muito pouco aqueles que não poderão trabalhar no dia 11, não terão fundos de greve nos sindicatos a pagar-lhes os dias que, eventualmente, não trabalhem, e muitas dessas pessoas precisam dessas horas, desses dias de trabalho para equilibrar os seus orçamentos e não estão a ser suficientemente falados”, acrescentou.
A CGTP e a UGT convocaram uma greve geral para 11 de dezembro, em resposta ao anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral, apresentado pelo Governo.
Esta será a primeira paralisação a juntar as duas centrais sindicais desde junho de 2013, altura em que Portugal estava sob intervenção da ‘troika’.
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