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“Centralismo” de Rio eclipsa vices do partido

Apesar de ter seis vice-presidentes, só David Justino representa o PSD na ausência do líder.
27 Julho 2019, 12h00

São seis os vice-presidentes que compõem a Comissão Política Nacional do Partido Social Democrata (PSD). Escolhidos a dedo por Rui Rio, compete-lhes apoiar o líder social-democrata no exercício das suas funções e representá-lo quando ausente, mas, à exceção de David Justino, ninguém mais dá a cara pelo partido. Fontes do PSD indicam que o “centralismo” de Rio está na base do “desaparecimento político” daqueles que deveriam ser, por excelência, os seus rostos partidários de confiança.

Dizem os estatutos do PSD que os vice-presidentes do partido “coadjuvam o presidente no exercício das suas funções” e “exercem as competências que este lhes delegar”, mas a atividade política e partidária dos escolhidos por Rio dão força às críticas de que a comissão permanente se tornou um “órgão unipessoal”. Desde que foram anunciados, no 37.º Congresso do PSD, realizado em fevereiro de 2018, são raras as vezes em que os vices de Rio aparecem em público para se pronunciarem sobre as áreas que lhes foram confiadas e, mais raras ainda, as vezes em que falam pela direção do partido.

Descontente com a direção do PSD, o vice Manuel Castro Almeida, apontado como uma peça fundamental para Rio nos dossiers da descentralização e na execução de fundos comunitários, anunciou no início da semana a sua demissão. Embora não tenha explicado o que esteve na origem da decisão, eram conhecidas as suas divergências em relação aos acordos de regime que o líder do PSD queria negociar com o primeiro-ministro, António Costa, e o afastamento de alguns dos grandes nomes do partido também não lhe foi indiferente.

Castro Almeida sai para dar lugar ao presidente da Câmara de Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro. O novo rosto no vice-presidência surge como forma de compensar o PSD-Açores, que ficou de fora da lista do partido às eleições europeias, e calar as críticas do líder dos social-democratas açorianos, Alexandre Gaudêncio, que acusou Rio de “intransigência”, de promover divisionismos e de não ser “amigo das autonomias”.

Bolieiro junta-se aos vices Salvador Malheiro, Nuno Morais Sarmento, David Justino, Elina Fraga e Isabel Meirelles. Malheiro, que foi apontado como porta-voz de Rio, acabou por se limitar, nos últimos meses, a acompanhar o líder social-democrata nas deslocações e eventos do partido e a comentar apenas assuntos sobre ambiente, energia e natureza, pasta que lhe foi confiada. O mesmo se pode dizer de Isabel Meirelles, cujas vezes em que deu a cara publicamente pelo partido se podem contar pelos dedos de uma mão e, quando o fez, foi apenas para comentar assuntos europeus, que é a área que coordena no PSD.

Artigo publicado na edição nº 1997, do dia 12 de julho, do Jornal Económico

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