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Legado militar tem potencial para atrair procura internacional

Portugal passa a oferecer um roteiro turístico com 253 castelos, 300 fortes, fortalezas e fortins, 100 faróis e farolins, mais de 70 castros, 40 casas-torre e várias muralhas. O conjunto tem grande potencial para atrair estrangeiros.
9 Setembro 2019, 09h30

O segmento do Turismo Militar em Portugal, uma das vertentes do chamado Turismo Cultural, acaba de receber um claro impulso, protagonizado pelo Ministério da Defesa Nacional (MDN) mas que envolve os mais diversos players, com um só denominador comum a certeza de que, apesar de embrionário, estamos diante de um projeto com potencial nacional e internacional.

Numa atmosfera de celebração dos 880 anos da Batalha de Ourique, assinalados em finais de julho último, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, tornou públicos novos conteúdos e ferramentas promocionais deste segmento.

Elaborados pela Direção-Geral dos Recursos da Defesa Nacional (DGRDN) existem agora uma nova logomarca do Turismo Militar e um site oficial que disponibiliza informação em forma de rotas, roteiros, ou circuitos. Este espaço viverá da inserção de novas informações, fruto de investigação própria, e também de estudo e investigação de alguns parceiros.

Os promotores deste projeto pretendem afirmar o Turismo Militar como um roteiro com cientificidade reconhecida a nível nacional e internacional. Contando, para tal, com uma programação direcionada ao desenvolvimento económico, educacional e cultural contrariando as assimetrias regionais, enquanto contribui para a diversificação do turismo nacional.

Ao Jornal Económico, o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, sublinha que Portugal tem “um tremendo e valioso património militar” e, por isso, este projeto nasce para “protegê-lo, valorizá-lo e potenciá-lo, e dessa forma contribuir também para o aumento da já considerável atratividade turística nacional. Tendo em conta a importância do turismo para a nossa economia, e que em muito concorre para a valorização da nossa cultura, também a defesa se associa, através deste projeto, a este objetivo nacional”. Em seu entender, é igualmente uma oportunidade para “promover regiões com menor frequência turística, diversificando assim a oferta, e estimulando que ela se desenvolva também fora dos grandes espaços urbanos”. Uma iniciativa que permitirá que “os portugueses conheçam melhor Portugal e ajude também os estrangeiros que nos visitam a conhecer melhor o nosso país”, conclui João Gomes Cravinho.

A acompanhar este lançamento, a Associação de Turismo Militar Português, presidida por Álvaro Covões, afirma que se trata de “um momento importante para o reconhecimento e a valorização da marca Turismo Militar e deste produto nacional”. A trabalhar este segmento há já quatro anos, a associação refere que “todo o esforço e trabalho diário está a ser reconhecido dia após dia, e que o Turismo Militar está a ganhar um papel preponderante no setor do Turismo em Portugal, sobretudo pelo aumento da procura nacional”, salienta Álvaro Covões ao JE.

Monumentos nacionais com procura crescente
O Turismo de Portugal (TP) tem trabalhado de forma articulada com o MDN no âmbito do Turismo Militar, desde 2017, altura em que foi criado um Grupo de Trabalho interministerial, o qual produziu um Relatório Técnico que identificou os eixos âncora associados ao Turismo Militar (Descobrimentos, Templários, Invasões Francesas, Primeira Guerra Mundial) e apresentou uma proposta de plano de ação. Particularmente sobre o lançamento da plataforma digital, o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, esclarece ao JE que está em curso a articulação necessária, quer seja através da produção de conteúdos ou de ferramentas de promoção internacional geridas por esta entidade.

Atendendo a que o segmento do Turismo Militar surge sempre ligado à procura mais abrangente do património cultural, o responsável dá nota de que no caso dos monumentos nacionais que se associam à história militar de Portugal, se verifica “uma grande apetência da procura”. Em 2018, segundo apurou o TP, o Top 5 dos monumentos militares com maior número de visitantes foi liderado pelo Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, com 1 079 459 visitantes (mais de 30% entre 2014 e 2018), seguindo-se a Torre de Belém, em Lisboa, com 450 546 visitantes, depois a Fortaleza de Sagres, no Algarve, com 443 571 , sendo que 85% foram visitantes estrangeiros. No quarto lugar, ficou o Mosteiro da Batalha, na região Centro, com 407 950 visitantes (mais de 30%) e, por último, o Convento de Cristo, com 348 510 visitantes, verificando-se, neste caso, que a taxa de crescimento entre 2014 e 2108 foi superior a 65%. No caso de alguns museus tutelados pelos vários ramos das Forças Armadas, o TP destaca o Museu da Marinha com 148 228 visitantes, fruto da sua localização e da requalificação dos conteúdos expositivos e outros serviços como a Loja e Cafetaria. O Museu Militar revela ainda um potencial de crescimento e desafios na captação de mais público (23.286 visitantes, segundo dados do relatório interministerial de 2016). “Ao nível dos Castelos e Fortalezas, nas várias regiões do país, a procura tem ainda um grande potencial de crescimento”, frisa Luís Araújo.

Questionado sobre a procura internacional, o responsável afirma que a sua caracterização, associando à partida temas específicos de turismo militar, como por exemplo, as Invasões Francesas ou os Templários, é um trabalho que “está ainda numa fase incipiente”, porém, ressalva a existência de um Itinerário Cultural do Conselho da Europa – Destination Napoleon que conta já com a presença de Portugal através da Rota Histórica das Linhas de Torres.

Quanto ao peso que este segmento pode vir a assumir, futuramente, defende que “será certamente um peso crescente, sobretudo pelos resultados do trabalho conjunto que está a ser desenvolvido com os gestores do património militar – municípios, cultura e defesa nacional – permitindo qualificar esse mesmo património e melhorar a experiência turística proporcionada em cada um dos locais, bem como, em conjunto com as empresas turísticas, diversificar a oferta de programas e serviços prestados”.

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