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ONU patrocina novo governo interino na Líbia

Os 75 participantes do Fórum Diálogo Político da Líbia (LPDF), selecionados pelas Nações Unidas para representar a sociedade líbia, votaram em duas listas para a formação de um governo interino que deverá levar o país para eleições.
5 Fevereiro 2021, 17h50

Um fórum liderado pelas Nações Unidas na Líbia selecionou esta sexta-feira um governo interino por meio de votação, escolhendo Mohammed Al-Menfi como chefe do conselho da presidência e Abdul Hamid Mohammed Dbeibah como primeiro-ministro. A lista venceu com 39 votos contra 34 dos seus rivais, Aguila Saleh, chefe do parlamento rebelde e Fathi Bashagha.

“Em nome das Nações Unidas, tenho o prazer de testemunhar este momento histórico”, disse a enviada de António Guterres para a Líbia, Stephanie Williams, que foi interrompida por aplausos.

A votação foi parte de um processo complexo que espera ajudar a conduzir o Estado profundamente dividido em direção à paz e construir um frágil cessar-fogo para encerrar mais de uma década de conflito devastador.

Os 75 participantes do Fórum Diálogo Político da Líbia (LPDF), selecionados pelas Nações Unidas para representar a sociedade transversal, votaram para quatro cargos: primeiro-ministro, presidente do conselho presidencial e mais dois membros do mesmo conselho.

Stephanie Williams anunciou em 3 de janeiro a formação de um Conselho Consultivo de 18 membros do LPDF para elaborar um mecanismo formal para selecionar o executivo temporário da Líbia.

Antes deste anúncio, a ONU reconhecia o Governo de Acordo Nacional (GNA) chefiado pelo primeiro-ministro Fayez Sarraj como a autoridade legítima do país. O GNA combatia as milícias do general Khalifa Haftar desde abril de 2019. Esforços diplomáticos levados a cabo nos últimos meses tentam resolver o conflito na Líbia, após a vitória do exército líbio contra as milícias de Haftar.

Um cessar-fogo apoiado pela ONU e assinado em 23 de outubro em Genebra, Suíça, parece não estar a ser cabalmente cumprido: as asmas não voltaram a fazer-se ouvir (pelo menos ruidosamente) mas as tropas estrangeiras e mercenários que deveriam deixar a Líbia em três meses ainda por lá andam: o prazo acabou na semana passada sem nenhum movimento ter anunciado ou observado no terreno.

Mesmo assim, António Guterres congratulou-se, na semana passada, com o facto de “o cessar-fogo estar a durar”. “É essencial que todas as tropas estrangeiras e todos os mercenários estrangeiros se desloquem primeiro para Benghazi e Trípoli e, de lá, deixem os líbios em paz, porque os líbios já provaram que, deixados em paz, são capazes de resolver os seus problemas”, disse. A ONU estima que haja cerca de 20 mil soldados estrangeiros e mercenários na Líbia, distribuídos pelas duas fações em conflito. Um dos objetivos mais importantes do novo governo é tentar distender os ânimos e preparar eleições para a formação de um governo estável.

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