A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou lucros de 641 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, o que significa uma subida de 272 milhões de euros por comparação com igual período do ano passado.
O banco do Estado, liderado por Paulo Macedo, explicou, no entanto, que o resultado líquido consolidado corrente foi de 481,4 milhões de euros, uma subida homóloga de 30%.
“Este crescimento tem sido bastante sustentado”, salientou José Brito, CFO da CGD.
Devido à conclusão da venda do Banco Caixa Geral (BCG) em Espanha e ainda da venda do Mercantile, que se concluiu esta quinta-feira, em linha com os objetivos delineados no Plano Estratégico, a CGD reverteu 159 milhões de euros em imparidades, o que explica a diferença entre os resultado líquido e o resultado corrente.
“Esta evolução originou a reversão de 159 milhões de euros da imparidade resultante do preço de venda alcançado no processo negocial”, disse o banco público. Ainda assim, as contas de setembro integram ainda o BCG e o Mercantile, uma vez que a desconsolidação só ocorre após as datas das respectivas vendas.
“O resultado de exploração core recorrente alcançou os 564 milhões de euros, um crescimento face ao período homólogo de 1,6%”, esclareceu a CGD. Esta evolução explica-se com a redução dos custos operativos em conjugação com o aumento dos resultados de serviços e comissões (+2%) que compensaram a queda da margem financeira estrita, revelou a Caixa.
A margem financeira estrita caiu 2,2% nos primeiros nove meses do ano face a igual período do ano anterior para 851,5 milhões de euros devido à “conjuntura de taxas de juro e o seu impacto na carteira de crédito e de ativos financeiros”, explicou o banco público. “Tem a ver sobretudo com os indexantes, nomeadamente a Euribor”, explicou José Brito. “Isto reflecte-se nas operações de crédito uma vez que têm taxa indexada”.
“É de prever que esta tendência da margem financeira se continue a sentir no quarto trimestre e para o primeiro trimestre do próximo ano porque o repricing do crédito é normalmente feito a seis meses”, salientou o CFO da CGD.
As comissões subiram, na atividade doméstica 1,4%, para 307 milhões de euros (cresceram 2% na atividade consolidada, subiindo para 374 milhões). José Brito explicou que “o volume total de comissões continua abaixo do que se verificava em 2015”.
Os custos caíram 4%, em termos homólogos, para 662 milhões de euros. O número de colaboradores caiu de 7.675 colaboradores em dezembro de 2018 para 7.421 em setembro deste ano, uma diferença de 254. Também o número de agências foi reduzido, de 522 em dezembro do ano passado para 510 em setembro de 2019, uma diferença de 12 agências.
O crédito a clientes ascendeu a 41,4 mil milhões de euros, o que se traduz numa subida de 0,4% (144 milhões de euros) em relação a dezembro de 2018. O crédito ao consumo e à habitação ascendeu a cerca de 24 mil milhões de euros, o que representa aproximadamente 58% do total do volume de crédito concedido.
Já o segmento do crédito concedido às empresas ascendeu a 13,6 mil milhões de euros, representando cerca de um terço do volume total do crédito concedido. No entanto, excluindo o setor da construção e imobiliário, o crédito a empresas fixou-se nos 8,7 mil milhões de euros, uma subida de 5,5% face dezembro de 2018.
Na qualidade dos ativos, a CGD tem vindo a reduzir o custo do risco do crédito deste 2016, e desceu para 0,01% em setembro de 2019. O rácio de NPL fixou-se caiu de 8,5% em dezembro de 2018 para 6,6% em setembro de 2019. Destaque para o rácio de NPL inferior a 90 dias ser inferior a 5%. A cobertura por imparidades ascendeu a 68,2%, superior à média europeia (44,9%).
Desde dezembro de 2016, a CGD reduziu o malparado em 6,6 mil milhões de euros. Em setembro de 2019, o malparado fixou-se nos quatro mil milhões de euros.
O número de imóveis detido apresentam uma tendência de redução, tendo caído para 690, o que compara com 766 que a CGD tinha no balanço em dezembro de 2018. O rácio de cobertura por imparidades fixou-se em 48%, em setembro deste ano.
Nos rácios de capital, a CGD diz estar “confortável (…) mesmo sem o impacto total da venda de filiais”. De acordo com o requisitos SREP, CET1 fixou-se em 9,75% e o Tier1 ascendeu a 11,25%.
(atualizada)
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