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Turismo com crescimento moderado mas “não é possível crescer infinitamente a dois dígitos”, frisa presidente da CTP

Para o presidente da CTP, passar à ação, traduz-se, entre outros pontos fundamentais, em solucionar o problema do aeroporto de Lisboa, que já leva mais de 50 anos de discussão pública.
Cristina Bernardo
21 Novembro 2019, 16h43

Na certeza de que os hoteleiros “estão conscientes de que a competitividade da atividade depende de um turismo alicerçado nos princípios da sustentabilidade, na oferta diversificada e na valorização das suas características distintivas e inovadoras”, Francisco Calheiros, presidente da CTP – Confederação do Turismo Português, alertou os os mais de 400 participantes no 31.º Congresso Nacional da Hotelaria e do Turismo, promovido pela AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, para os principais desafios que se colocam no futuro.

A preparação do futuro do setor, como desafia este congresso, a decorrer em Viana do Castelo, até à próxima sexta-feira, assenta num presente em que Francisco Calheiros destaca o registo de um “crescimento moderado – porque não é possível crescer infinitamente a dois dígitos por ano – mas mais maduro, sustentado, em todos os indicadores e em muitos novos mercados como os Estados Unidos, Canadá, Brasil, China, entre outros”. “Mas ainda assim, um crescimento acima da Europa. Segundo antecipou recentemente o World Travel & Tourism Council (WTTC), Portugal vai crescer até ao final de 2019 mais do dobro da média europeia”, reforçou.

Neste contexto, passar à ação, em seu entender traduz-se, entre outros pontos fundamentais, em solucionar o problema do aeroporto de Lisboa, que já leva mais de 50 anos de discussão pública. Recordando que o parecer favorável da Agência Portuguesa do  Ambiente à solução do Montijo retira fundamentação aos seus opositores, e certo de que terá impacto na avifauna, no ruído e na mobilidade, questiona: “Que aeroporto em qualquer outra parte do mundo não provocou alterações ambientais, económicas ou sociais? Para isso, existem medidas de mitigação e compensação ambiental, que acreditamos que serão devidamente aplicadas. O que não podemos é esperar por mais estudos e pareceres, nem analisar outras soluções, já muito analisadas e discutidas”.

Os desafios prendem-se ainda com a falta de recursos humanos,  um pilar da atividade que tem de ter mais e melhor qualificação profissional; mais especialização e reforço da formação; programas de reconversão para novas competências; canais de circulação de trabalhadores de outros estados da União Europeia e não só; e ainda uma melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores no domínio da retribuição, benefícios sociais e
motivação. “Em momento algum, podemos esquecer que a nossa atividade depende de pessoas. E que a nossa ambição deverá sempre alcançar a excelência do serviço, trabalhando, sempre, com os melhores profissionais”, conclui.

A estas questões juntam-se ainda a reforma de Estado, para o responsável “a urgência de avançar para uma verdadeira reforma de Estado que conduza à melhoria e sustentabilidade futura do sistema da Segurança Social, Saúde, Justiça e Ensino”; e o desafio da crise demográfica. O Eurostat renovou recentemente as projeções que indicam que Portugal será, em 2050, o país mais envelhecido da Europa. No final do século em cada 100 jovens haverá o triplo de idosos. Uma preocupação que a CTP espera possa merecer uma rápida intervenção: “O impacto desta crise demográfica na economia nacional pode superar as nossas piores expetativas. Estamos, pois, perante uma urgência nacional”, reforçou Francisco Calheiros.

 

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