O secretário de Estado do Planeamento considera que os governos têm uma responsabilidade acrescida no investimento com impacto social. José Gomes Mendes defende que Estado não se pode por de parte dos problemas sociais e lembrou que existem 100 milhões de euros alocados para a estrutura Portugal Inovação Social para este ano.
“O objetivo é que os projetos não acabem assim que recebem financiamento. Temos de apostar em investimento de impacto que são reprodutíveis que mudem alguma coisa que forma sustentável. As patologias sociais estão lá e exigem respostas”, referiu esta quarta-feira, num encontro na Fundação Calouste Gulbenkian.
Para o governante, é preciso ter uma visão holística da sustentabilidade financeira, ambiental e organizacional e conquistar mais investidores privados. “Para a dimensão social parece que o dinheiro tem outra cor, dá mais inércia”, afirmou José Gomes Mendes esta manhã.
“Portugal tem condições favoráveis para ser uma referência na economia de impacto”
Guilherme d’Oliveira Martins, investigador e administrador da Calouste Gulbenkian, aproveitou a sessão para referir que existem sobretudo duas áreas prioritárias: conseguir alavancar maior financiamento privado (não como necessidade corporativa) e utilizar os instrumentos de empreendedorismo social existentes e validados no mercado, como os TIS [Títulos de Impacto Social], tendo presente que inovação social não são fins em sim, mas são meios para construir comunidades.
“Portugal tem condições favoráveis para ser uma referência na economia de impacto. Somos um caso de estudo mas temos de ser cada vez mais exigentes. Temos de ultrapassar o entusiasmo imediato e dizer que esta é uma atuação de médio e longo prazo”, explicou o jurista. “Vamos fazer funcionar o multiplicador social, para gerar rendimento social e coesão”, sublinhou.
O impacto social contabiliza atualmente 500 milhões de euros investidos a nível global. Na opinião de Guilherme d’Oliveira Martins, este é o veículo “adequado” para combater os sinais do agravamento das desigualdades e da fragmentação social, porém, Portugal carece de medidas concretas e projetos consistentes contra a violência.
“Não é por acaso que a Fundação Calouste Gulbenkian foi o primeiro investidor nesta matéria. É-o simbolicamente e estrategicamente. Temos objetivos estatutários que envolvem a filantropia, as artes e a ciência, o conhecimento, a coesão social e a sustentabilidade. Estes três últimos estão intimamente ligados no que se refere ao investimento de impacto. Mas quantos mais investidores houver mais satisfeitos ficamos”, garantiu.
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