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Renting: Trajetória ascendente do setor espelha confiança das empresas

Atendendo ao relevante peso do segmento automóvel nos resultados do renting em Portugal, os diferentes “players” do setor apontam a fiscalidade como uma ameaça à tendência de crescimento.
14 Dezembro 2019, 12h00

Os mais recentes números da ALF – Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting mostram um crescimento do renting este ano, destacando-se a trajetória ascendente particularmente em relação à frota ativa gerida pelas empresas de renting. No primeiro semestre de 2019, esta frota alcançou as 115.478 viaturas, com um valor de 1,8 mil milhões de euros, o que equivale a um crescimento de 5,7%e 9,5%, respetivamente.

O aumento verificado no número de viaturas geridas pelas renting correspondeu a 6.277 viaturas adicionais. Já os resultados finais, em relação à nova produção do setor do renting, registam uma produção total de 14.682 viaturas ligeiras novas, no valor de 300 milhões de euros, traduzindo um decréscimo de 7,6% e 6,1%, respetivamente.

Assim, e apesar do aumento da frota total gerida, António Oliveira Martins, vice-presidente da ALF, em entrevista ao JE, salienta que a produção nova referente ao ano de 2019 reduziu, “particularmente nas viaturas a gasóleo, derivado da transição para o WLTP (‘Worldwide Harmonized Light Veihcle Test Procedure’ – o novo protocolo de homologação de consumos e emissões) e também devido à queda do setor automóvel em geral”. Em seu entender, “a falta de apoio por parte do Governo nas frotas empresariais é notória e isso tem consequências a nível da economia real”.

A estes números juntam-se as conclusões do Barómetro 2019 do Arval Mobility Observatory, no qual foi apurado um crescimento do renting nos últimos seis anos, por toda a Europa, passando de 10% para 30%, numa tendência que Portugal está a acompanhar, verificando-se que 20% das empresas portuguesas já utilizam o renting como método de financiamento de viaturas, quando há seis anos, em 2014, o universo de empresas nacionais que optava por esta solução em alternativa aos modelos mais tradicionais era de apenas 4%.

João Soromenho, diretor comercial da Arval Portugal, explica estes resultados com o maior conhecimento dos gestores sobre todas as vantagens que o renting aporta, não só vantagens fiscais e financeiras, como as vantagens operacionais (sobretudo para quem gere uma frota). “As vantagens evidentes, como o aluguer e toda a gama de serviços associados, numa renda mensal única, que liberta o gestor de todas as preocupações torna o renting cada vez mais com uma das soluções a considerar quando se equacionam as viaturas da empresa”, reforça o responsável, defendendo ainda que, hoje, os gestores têm muito mais nas suas mãos do que a gestão de frota, “por isso, começaram já a fazer aquilo que as multinacionais e as grandes empresas portuguesas já fazem há anos: o outsourcing de toda a gestão da frota”.

Quanto ao percurso ascendente do renting no mercado português, António Oliveira Martins não tem dúvidas de que “espelha a confiança das empresas em preferirem gerir as suas frotas através do renting, pelos benefícios que esta solução lhes oferece, com um serviço completo, com menos custos e a segurança de uma excelente gestão das suas frotas”. Contudo, em sua opinião, o mercado português “assinala alguma inconstância a nível fiscal com uma tendência de agravamento que tem sido notória”. Considerando tratar-se de um cenário de “elevada complexidade e alterações frequentes”, ressalva que o serviço de aconselhamento e de otimização que o renting presta é cada vez mais apreciado pelos clientes.

 

2020: ano da consolidação potenciada pelos desafios tecnológicos
As previsões da ALF para o próximo ano apontam para que o renting siga um caminho de consolidação, continuando a apresentar-se como um dos principais promotores do acesso a viaturas mais eficientes e a novas soluções de mobilidade.
Diante da possibilidade de continuar a existir aquilo que considera ser um “regime fiscal mais adverso para os veículos das empresas e para os particulares”, Oliveira Martins chama a atenção para a possibilidade deste fator provocar um efeito ligeiramente negativo, sobretudo nos dados de produção de renting, limitando aquela que tem sido a tendência natural de crescimento e de renovação das frotas.

O próximo ano ficará ainda marcado pela evolução tecnológica e a principal alteração, acrescenta o responsável, está relacionada com a forma como os serviços que existem são apresentados e utilizados pelos clientes. “Recorrendo à tecnologia, toda a informação bem como a forma de interagir com a renting, é cada vez mais integrada, fácil e rápida de aceder, com toda a liberdade e aumento de eficiência inerentes. Prevê-se ainda um reforço dos segmentos de particulares e das viaturas com tecnologias mais eficientes”, conclui.

Para 2020, também a espectativa da Arval é que o mercado do renting continue a apresentar uma tendência de crescimento. “As empresas que veem cada vez mais a sua frota automóvel como um serviço de mobilidade, ajustado à atividade da empresa, para deslocação de mercadorias e pessoas.”

De acordo com o barómetro do Arval Mobility, os empresários portugueses mostram-se otimistas, estimando crescimento das suas frotas automóveis ao longo dos próximos anos, por isso o setor também só pode ser otimista”, detalha João Soromenho, diretor comercial da Arval Portugal.

Os desafios do próximo ano, que obrigam a uma adaptação constante, passam ainda, na opinião de João Soromenho, pelas transformações que o mercado está a sofrer transformações, não só a nível de sustentabilidade como também culturais, que faz com que as pessoas prefiram o aluguer de viaturas em detrimento da compra de automóvel próprio.

Por outro lado, considera que também estamos a assistir às frotas caminharem definitivamente para uma economia verde descarbonizada. “Esta é uma mudança inevitável porque quer as empresas quer as pessoas estão mais sensíveis à responsabilidade social e ambiental. E reflexo dessa mudança é o facto dos carros elétricos e híbridos estarem ao dispor da maioria dos consumidores e a gestoras de frota estão a trabalhar para oferecer aos seus clientes soluções mais verdes. Portanto, acreditamos que esta consciencialização vai levar a uma maior entrada de veículos híbridos e elétricos nas frotas, assim como o incremento das viaturas a gasolina. Contudo, e apesar de um potencial decréscimo, o diesel não vai deixar de existir”, sublinha.
Perspetivando o futuro a curto prazo, o responsável mostra-se certo de que contemplará novas soluções. “O renting tem que se adaptar aos desafios que estão totalmente ligados às tendências de evolução do próprio setor. Falamos da mobilidade sustentável, da transição energética, da conetividade, das viaturas autónomas e da economia de partilha. Desta forma, terá de incorporar e desenvolver soluções que ofereçam às empresas e particulares respostas à crescente ascensão da economia de partilha, como o carsharing e serviços de mobilidade digital”, conclui João Soromenho.

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