A elevado peso da dívida representa um desafio para o rating de Portugal, mas o “trabalho árduo” feito antes da pandemia preparou o país para lidar com os custos associados à crise. A perspetiva é de Sarah Carlson, vice-presidente sénior da Moody’s e que acompanha o rating de Portugal na agência de notação financeira, e que vê o peso da dívida portuguesa a cair mais rapidamente do que noutros países.
Em entrevista ao Jornal Económico, a analista assinala que “uma dívida elevada é um desafio fundamental para o perfil de crédito soberano de Portugal”. No entanto, sublinha que “o trabalho árduo foi feito antes da pandemia, o que resultou num pequeno excedente orçamental e em mais de 3% de excedente primário”, preparando o país para os desafios macroeconómicos que se seguem.
“Isso colocou Portugal numa posição relativamente vantajosa para lidar, do ponto de vista orçamental, com todos os custos associados à gestão da pandemia”, vincou. “Esperamos que este ano o peso da dívida retome a trajetória descendente”.
A Moody’s projeta que o rácio da dívida pública face ao PIB caia para 133% este ano e diminua para 129,1% em 2022. “Projetamos uma pequena queda este ano e um maior declínio no próximo ano. O nível é alto, mas esperamos que começa lentamente comece a diminuir e até mais rapidamente do que noutros países”, acrescenta Sarah Carlson.
A analista admite ainda que a agência projeta uma recuperação mais modesta no primeiro semestre do ano devido às novas medidas de restrição decretadas pelo governo para conter a propagação da pandemia e achatar a curva de contágios. No entanto, o segundo semestre deverá compensar, com uma maior recuperação, que contribui para a expansão de 3,7% na totalidade deste ano.
“Esperamos que a época turística de 2021 seja melhor do que a de 2020”, antecipou sobre o impacto do setor na economia portuguesa. Contudo, admitiu que não deverá regressar ainda aos níveis de 2019.
A sustentar a perspetiva está a expectativa de grande parte da população europeia esteja vacinada até ao verão e que estas estejam mais disponíveis para viajar. Aponta ainda “outras razões estruturais” que podem apoiar o setor do turismo em Portugal.
“Ao contrário de outros países com uma elevada dependência do turismo, é possível ir de carro para Portugal”, exemplificou, dando ainda como exemplo o “volume de turismo doméstico” no país, bem como “a grande diáspora que vive na Europa e para quem viajar para Portugal não são apenas férias, é também uma oportunidade de ver os pais, irmãos, amigos. Esse é o tipo de viagem que retoma mais rápido do que apenas uma viagem de férias”.
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