A EDP diz que ainda não tem data para encerrar a central a carvão de Sines. O Governo já apontou a data de 2023 para o encerramento, mas a companhia diz que a central vai continuar a operar enquanto for rentável.
“A EDP não anunciou nenhuma data para o encerramento antecipado das suas centrais, incluindo Sines, que continuarão a funcionar enquanto a margem de mercado permitir recuperar os custos fixos”, disse fonte oficial da EDP ao Jornal Económico.
O ano de 2030 é a data limite para encerrar a central termoelétrica, que é importante para o abastecimento do sul do país. Mas ainda recentemente a EDP destacou que espera fechar as centrais ibéricas a carvão “muito antes de 2030”, segundo uma apresentação divulgada este mês.
A elétrica portuguesa destacou que “o valor de mercado das centrais elétricas a carvão sofreu uma redução, muito pela aceleração do processo de transição energética ao longo do último ano”, segundo a fonte oficial.
Por isso, anunciou no dia 19 de dezembro uma imparidade contabilística de cerca de 300 milhões devido à desvalorização das centrais em mercado devido a vários fatores como: aumento do preço das licenças de emissões de CO2, a redução dos preços do gás natural, o aumento das centrais de energias renováveis. A EDP também destaca que a “manutenção de uma elevada carga fiscal” sobre as centrais a carvão, assim “como uma vontade política de antecipação” dos prazos de encerramento, são outros dois fatores a ter em conta nesta questão.
O Jornal Económico questionou a EDP depois da TVI 24 ter avançado na sexta-feira que a elétrica estaria a preparar-se para fechar a central de Sines antes de 2023, o prazo definido pelo Governo. Já o ministério do Ambiente e da Transição Energética não quis fazer comentários.
A EDP volta assim a reafirmar que ainda não tem data para o encerramento da central de Sines, apesar do Governo insistir no prazo de 2023.
Ainda a 19 de dezembro, o administrador da EDP Rui Teixeira declarava que a central de Sines vai continuar a operar enquanto for rentável.
“Não estamos a anunciar o encerramento ou uma data de fim de vida. As centrais deverão continuar a funcionar até serem rentáveis”, afirmou o gestor em conferência de imprensa. “Já estamos a desenvolver trabalho em alternativas. Para que, quando chegue o momento, se perceba qual é a evolução dos ativos”, acrescentou.
“A central de Sines, em particular, tem estado parada muito tempo no segundo semestre de 2019 e as previsões, neste momento, são até para que no próximo mês continue parada durante muitas horas”, destacou Rui Teixeira.
Sines é essencial para o abastecimento de eletricidade no sul de Portugal
Outro alto responsável da EDP recusou em julho a ideia de um encerramento antecipado de Sines, apontando que a central é essencial para o abastecimento do sul do país.
“A nossa central de Sines até 2030 vai ser encerrada”, disse o administrador da EDP António Martins da Costa, citado pela Lusa, apontando que este encerramento tem de ser feito com cautela pois a central “garante a estabilização da rede elétrica em todo o país, e nomeadamente na zona sul”.
O gestor destacou que um encerramento antecipado da central iria obrigar Portugal a comprar mais eletricidade a Espanha, que teria de aumentar a produção das suas centrais a carvão, assim aumentando as emissões poluentes.
Mexia preocupado com futuro dos 400 trabalhadores
No início de novembro, o presidente executivo da EDP revelou “preocupação” pelo encerramento da central de Sines em 2023. “Não vou comentar nenhuma decisão sobre 2023”, afirmou o gestor, em declarações reproduzidas pelo jornal i.
O líder da elétrica também apontou que os 400 empregos da central são a “questão essencial” nesta questão. “Gostaríamos de arranjar solução para toda a gente. Agora, a central de Sines tem a vida que terá. Estamos preocupados e focados naquelas pessoas, tal como em todas as outras. As companhias só crescem à medida que vão criando oportunidades”, disse, segundo o i.
Governo anunciou este ano que quer fechar centrais a carvão mais cedo
Na sua primeira legislatura, o Governo de António Costa tinha definido que as centrais a carvão em Portugal iriam encerrar até 2030. Mas, no dia da tomada de posse nesta legislatura em outubro, o primeiro-ministro anunciou que as duas centrais a carvão do país iriam encerrar até 2023.
Além da central de Sines, Portugal conta com a central a carvão do Pego, detida pela Tejo Energia, uma parceria formada pela Trustenergy com 56,25% – detida pelos franceses da Engie e pelos japoneses da Marubeni -, e pela italo-espanhola Endesa com 43,75%.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com