A Catalunha vai a votos este domingo para formar um novo parlamento de onde sairá um novo governo que, tudo o indica, será a repetição do anterior: uma coligação entre os independentistas da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), de Oriol Junqueras (preso em Madrid) e da Junts Per Catalunya do exilado Carles Puigdemont. Segundo quase todas as sondagens, a ERC deverá ganhar as eleições, mas não conseguirá formar um governo que não precise do apoio de um segundo partido.
As mesmas sondagens indicam ainda a erosão do Cidadãos – que ganhou as eleições de dezembro de 2017 mas não conseguiu apoio para formar governo – indo opor isso juntar-se ao PP, que também tem uma mínima representatividade na Catalunha. Em movimento no sentido exatamente contrário está o Partido Socialista da Catalunha – que é o mesmo que dizer PSOE – que parece ter chegado ao fim da sua ‘travessia do deserto’. Muito à custa de uma forte aposta do chefe do governo, Pedro Sánchez, que convenceu o antigo ministro da Saúde, o catalão Salvador Illa. Os efeitos dessa aposta já se fizeram sentir – com a ascensão dos socialistas até à terceira posição nas sondagens.
O ato eleitoral está ferido por mais uma disputa política entre Barcelona e Madrid, depois de a Generalitat ter sido impedida pelo Superior Tribunal de Justiça da Catalunha de manter a transferência do ato eleitoral para maio. O tribunal impôs a primeira escolha, 14 de fevereiro, e a Generalitat, liderada interinamente pela ERC queixou-se de imediato que a decisão só serve os interesses de Madrid.
O executivo catalão pretendia adiar as eleições tendo como objetivo “garantir o direito a voto de todos os cidadãos, minimizar o risco sobre a saúde e assegurar a legitimidade do processo”. Em causa está o facto de a pandemia permitir antever uma alta das abstenções, o que, num futuro próximo, será um argumento que Madrid poderá vir a utilizar para retirar significado à mais que provável vitória dos independentistas.
Entretanto, para permitir que fizessem campanha, nove líderes independentistas presos pelo seu papel na tentativa de secessão de 2017 (o referendo à independência) passaram a regime aberto aos fins-de-semana.
Mais que certo é que a questão catalã – a mesma que existe desde que Aragão aceitou fazer parte da hegemonia política dos Reis Católicos (ou seja, desde o século XV) – não vai ficar resolvida com mais estas eleições para o Parlamento da autonomia. Como dizem todos os envolvidos e todos os analistas, a vontade de independência só terá solução (a ter) através de conversações políticas. Até porque qualquer movimentação no sentido da secessão está absolutamente bloqueada pela Constituição espanhola.
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