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Fusion Fuel: A empresa portuguesa de hidrogénio que negoceia em Wall Street

Fusion Fuel passou a negociar no índice Nasdaq e já conta com 80 milhões de dólares para investir. Empresa tem Espanha e Marrocos debaixo de mira.
14 Fevereiro 2021, 19h00

A Fusion Fuel já negoceia em Wall Street. Através da compra da norte-americana HL Acquisitions, a empresa portuguesa passou a negociar no índice Nasdaq desde o início de dezembro de 2020.

Fundada em 2018, e sediada no concelho de Sintra, começou por desenvolver a tecnologia Hevo-Solar que permite a produção descentralizada de hidrogénio verde a partir de energia solar.

“Desenvolvemos a tecnologia e chegámos a custos de fabrico que permitem um custo do hidrogénio muito baixo – abaixo da concorrência, dos eletrolisadores centralizados – para cuja capacidade se preveem crescimentos astronómicos anualmente”, explica ao JE o fundador e administrador, João Wahnon.

Com esta tecnologia na mão, “considerada por várias entidades como disruptiva”, a companhia tomou a “decisão de ter um crescimento rápido” através da compra da empresa cotada no Nasdaq. Esta operação em conjunto com um aumento de capital permitiu uma capitalização de 80 milhões de dólares (66 milhões de euros), permitindo investir 20 milhões (16,5 milhões de euros) na “robotização da sua capacidade produtiva. Em segundo, a companhia reservou 60 milhões de dólares (50 milhões de euros) para começar a investir nos seus projetos”.

Este capital é importante nesta fase pois devido à tecnologia do hidrogénio estar em desenvolvimento, a banca não financia estes projetos facilmente, como outros no sector das energias renováveis, cuja tecnologia já conta com um grau superior de maturidade.

“Além de vendermos tecnologia, tomámos a decisão de investir nos nossos projetos e vender hidrogénio. Nos primeiros dois, três anos assumimos que a maior parte do investimento vai ser feito para projetos próprios porque sabemos que vai haver dificuldades de financiamento. Com esta operação de bolsa conseguimos angariar capital, temos a possibilidade de recorrer a muito mais capital, muitos mais meios financeiros”, segundo o gestor que conta com passagens pela Somague, Somague Ambiente e MagPower na sua carreira.

A companhia aponta que tem em vista uma carteira de encomendas para cinco anos, apontando que pode chegar a 2026 a produzir mais de 100 mil toneladas de hidrogénio por ano. Em termos de produção industrial, prevê estar a produzir 600 megawatts de capacidade de eletrolisadores por ano em 2025.

O projeto “nasceu em Portugal e tem uma estratégia portuguesa”, mas a Fusion Fuel já se esta a internacionalizar com vários projetos de hidrogénio verde noutros países.

“Criámos a nossa empresa em Espanha, depois na Grécia, estamos a montar uma produção muito grande em Abu Dhabi, estamos a negociar algo muito interessante na Austrália, estamos a crescer no Chile”, avança João Wahnon. A empresa também tem o objetivo de produzir amoníaco verde em Marrocos.

A Fusion Fuel fez as contas ao mercado do hidrogénio global e considerou que existem boas razões para o investimento: vale 150 mil milhões de euros. Anualmente, são produzidos 73 milhões de toneladas de hidrogénio em todo o mundo, com mais de 90% da procura a ter origem em refinarias de petróleo e a produção de amoníaco. A maioria do hidrogénio produzido (75%) é a partir de gás natural, seguido do carvão (23%) e apenas 2% a eletrolise, o método através do qual se pretende produzir hidrogénio verde, com base em energia eólica ou solar.

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