O conceituado artista espanhol combina um vídeo com esculturas site-specific, desenhos e um Pantocrator.
A vila medieval alentejana de Monsaraz é palco, até 31 de março, da exposição temporária de Santiago Morilla, artista espanhol contemporâneo que, na mostra intitulada “No Veo Nada” (“Não Vejo Nada”), se debruça sobre a reabilitada tradição do “touro de morte” em Portugal.
A iniciativa, concebida no âmbito do novo ciclo de eventos da Trienal no Alentejo (TnA), traz a solo português as obras deste artista urbano multifacetado que trabalha em formatos diversos como vídeo, fotografia, multimédia e pintura. “No Veo Nada” foram as últimas palavras do mítico matador Manolete, ícone da afición que pereceu na arena de Linares a 28 de agosto de 1947, com um golpe desferido pelo touro Islero.
Na vídeo-projeção apresentada em Monsaraz surge-nos um desenho em cal branca com o rosto impassível do toureiro Manolete sobre a arena do pátio de armas do castelo, instalado durante a grande festa do “touro de morte” que decorreu em Honra de Nosso Senhor Jesus dos Passos. No desenrolar da própria garraiada, diletantes e demais aficionados saltaram, tropeçaram e beberam sobre a face do mito, apagando a sua imagem, até à sua completa desfiguração no cenário real e simbólico de uma dupla morte – a de Manolete e a do animal.
Além do vídeo-registo performativo da execução do desenho, o artista produziu esculturas site-specific, uma série de desenhos que se adoram e mutilam a si mesmos, e também um Pantocrator instalado no altar da Igreja de Santiago.
As palavras “No Veo Nada” estão ainda bordadas num capote, personalizado com a imagem do mítico toureiro, simbolizando a impossibilidade de ver, em contraponto com a reverência e a adoração.
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