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Catalunha: socialistas ganham eleições mas independentistas têm maioria absoluta reforçada

Todos os cenários estão em aberto: maioria de esquerda? Maioria independentista? Numas eleições marcadas pela subida da abstenção, a extrema-direita do Vox ficou acima do que as sondagens indicavam.
14 Fevereiro 2021, 22h56

O cenário das eleições de 2017, com protagonistas diferentes, repete-se na Catalunha: o Partido Socialista da Catalunha foi a formação mais votada, mas o bloco independentista consegue mais uma vez a maioria absoluta.: o ex-ministro da Saúde, Salvador Illa ganhou as eleições, mas com empate técnico com a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e com maioria reforçada do movimento pró-independência.

Os socialistas obtiveram nas eleições marcadas pela pandemia e uma baixa participação, de pouco mais de 53%, 23% dos votos e 33 assentos no Parlamento (de 135 lugares), o mesmo número que a ERC liderada por Pere Aragonès e mais um que os Junts per Catalunya de de Laura Borràs. O bloco separatista – ERC, Junts e CUP (Candidatura de Unidade Popular) –garante 74 cadeiras, seis a mais do que as conquistadas há quatro anos e que são mais do que o necessário para formar governo.

A ERC, com 21,3% de votos e 33 cadeiras (as mesmo de 2017), supera os Junts per Catalunya em votos e lugares. A formação liderada por Carles Puigdemont (que não era candidato à presidência da Generalitat), obteve dois lugares a menos do que os obtidos nas últimas eleições, ao atingir 20% dos votos. O PSC substituiu o partido Cidadãos, que ganhou as eleições de 2017 mas nem chegou a tentar formar governo.

O Vox iria estreia-se na câmara catalã como a quarta força e 11 deputados – mais que os seis a nove que as sondagens lhe atribuíam, passando a ser a quarta formação mais votada, à frente da CUP, que tem nove lugares.

O Cidadãos passa de força mais votada em 2017, com 36 deputados, para apenas seis, enquanto o PP ficaria com três deputados, um a menos que os quatro anteriores. O Comú Podem (o Podemos da Catalunha) repete os resultados (oito lugares) e o PDeCAT fica fora do Parlamento. A alta abstenção fez com que apenas o PSC fosse capaz de superar os votos de 2017: cerca de 606 mil, enquanto a ERC, a segunda força mais votada, perdeu mais de 360 mil votos – devido à alta da abstenção.

Resta agora saber-se se o PSC vai ou não tentar formar governo – nomeadamente com a tentativa de fechar uma coligação com alguma das formações independentistas, para a criação de uma coligação de esquerda, possivelmente com o contributo da ERC, CUP e Comú Podem. É de recordar que a coligação que governa a Catalunha desde 2017 é formada pela ERC, de esquerda e o Junts Per Catalunya, de centro-direita. Mas esta possível coligação de esquerda tem a desvantagem de adicionar independentistas e não-independentistas, o que pode ser o ónus que a acabará por inviabilizar.

A ERC tem como ponto de partida a possibilidade de conduzir a Generalitat de sua posição mais pragmática em relação à independência, depois de ter defendido a necessidade de expandir a base secessionista para forçar a realização de um referendo acordado com o governo central.

No total, 5,36 milhões de pessoas que residem na Catalunha e outras 255.000 que vivem no exterior foram chamadas a votar hoje. A votação nas urnas caiu 22,5 pontos devido à pandemia. As eleições deste domingo foram realizadas oito meses antes do fim da legislatura.

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