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Câmara de Lisboa. Vereador da Proteção Civil demite-se depois de vacina com sobras dos lares

Fernando Medina aceitou o pedido de demissão apresentado por Carlos Manuel Castro, em mais uma polémica com vacinações indevidas.
16 Fevereiro 2021, 15h11

O vereador Carlos Manuel Castro apresentou hoje o seu pedido de renúncia ao cargo, anunciou hoje a câmara municipal de Lisboa. O pedido já foi aceite pelo autarca Fernando Medina.

O caso foi revelado pela revista Sábado a 11 de fevereiro,, dando conta que Carlos Manuel Castro, a diretora do departamento de Higiene Urbana, Filipa Penedos, e vários elementos da Polícia Municipal e do Regimento de Sapadores Bombeiros foram vacinados com as sobras das vacinas que esteavam destinadas aos lares de Lisboa.

A autarquia diz que serão remetidos às “autoridades competentes todos os elementos apurados relativos à participação da Proteção Civil no processo de vacinação dos lares para avaliação externa e independente dos mesmos”.

Fernando Medina reitera também a “confiança no Comandante do Regimento de Sapadores Bombeiros, no Comandante da Polícia Municipal e na Diretora Municipal de Higiene Urbana, cuja vacinação decorreu por determinação de superior hierárquico e na convicção do cumprimento de todas as normas”.

A autarquia disse ao jornal Público a 11 de fevereiro que tanto Carlos Manuel Castro como Filipa Penedos foram vacinados por estarem na “linha da frente” da operação de vacinação, mas o vereador acabou mesmo por sair.

O pelouro da Proteção Civil passa a ser assumido pelo vereador Miguel Gaspar.

Da primeira toma de vacinas sobraram 126 doses, que foram destinadas a vários elementos das equipas envolvidas na operação de vacinação nos lares, 15 enfermeiros e oito elementos da Proteção Civil municipal (incluindo Carlos Manuel Castro) e três elementos do departamento de Higiene Urbana (incluindo Filipa Penedos), com a justificação dada para estes últimos a ser estarem envolvidos no “processo de recolha das seringas utilizadas na vacinação”, segundo o Público.

Desde que o processo de vacinação contra a Covid-19 arrancou no final de dezembro que já surgiram várias polémicas com ultrapassagens indevidas.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou a 29 de janeiro que ia arrancar com a fiscalização do cumprimento das normas de vacinação.  O objetivo é verificar se a vacinação prioritária está a ser cumprida, e também averiguar como estão a ser geridas as doses excedentes e se estão a ser tomadas medidas para prevenir o desperdício.

Vários destes casos de vacinação indevida já vieram a público como no caso do autarca de Reguengos de Monsaraz, José Calixto (PS), que foi vacinado sem ter direito a qualquer prioridade.

O autarca alegou ao Expresso que, como autoridade municipal de proteção civil, tem responsabilidades acrescidas, e que tem responsabilidade num lar com mais de 70 idosos, o mesmo lar onde um surto provocou a morte de 18 pessoas durante o verão de 2020.

No final de janeiro, a SIC avançou que, pelo menos, 126 funcionários da Segurança Social de Setúbal, incluindo dirigentes, foram vacinados contra a Covid-19. Estes trabalhadores foram incluídos numa lista prioritária onde só deveriam constar os utentes de lares e os profissionais destas instituições. A própria diretora do Centro Distrital de Setúbal do ISS, Natividade Coelho, também foi vacinada.

Também no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) houve uma polémica com as vacinações. A Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (APROSOC) denunciou a vacinação de profissionais não prioritários no INEM, mas o instituto veio a público esclarecer que as doses administradas aos não prioritários foram doses que sobraram porque houve profissionais prioritários que não quiseram ser vacinados. Estas doses “não poderiam ser cedidas a outras entidades e cuja alternativa seria a inutilização”, segundo o INEM.

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