Portugal pagou menos para colocar 1.250 milhões de euros em dívida de curto prazo, o montante máximo pretendido, num leilão duplo realizado esta quarta-feira.
O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública colocou 625 milhões de euros em dívida a 11 meses, com uma taxa média ponderada de -0,524%, que compara com os -0,473% no último leilão, que ocorreu em agosto do ano passado. A procura foi 2,75 vezes a oferta.
A agência liderada por Cristina Casalinho emitiu ainda 625 milhões de euros em dívida a três meses, a uma taxa de juros de -0,543%, que compara com os -0,501% de agosto. A procura superou a oferta em 2,87 vezes.
Este é o segundo leilão de dívida a curto prazo que o IGCP realiza este ano, depois de ter pago as taxas mais negativas de sempre para colocar 1.500 milhões de euros em dívida a 12 meses e a seis meses. O Tesouro colocou 750 milhões de euros em dívida a 12 meses, com uma taxa média ponderada de -0,522% e emitiu ainda 750 milhões de euros em dívida a seis meses, a uma taxa de juros de -0,554%.
“A necessidade de apoios dos Bancos Centrais ainda está bem latente no mercado de crédito, os novos confinamentos vieram trazer ainda mais incertezas relativamente à velocidade da recuperação económica e a possibilidade de terem de vir a ser implementadas novas medidas para estimular a economia. As taxas irão continuar baixas e permitir a quem emite dívida que o faça com taxas negativas”, assinala Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, vincando que “o rollover da dívida de curto prazo continua com taxas historicamente baixas e que acaba por ser uma ajuda para reduzir os custos de serviço da dívida nacional.”
No primeiro trimestre, o IGCP prevê angariar até 4.250 milhões de euros através da emissão de Bilhetes do Tesouro, pelo que tem ainda mais um leilão agendado: a 17 de março para emitir Bilhetes do Tesouro a seis e 12 meses. Segundo o programa de financiamento da instituição presidida por Cristina Casalinho para este ano, as necessidades de financiamento líquidas de Portugal para este ano deverão situar-se em cerca de 14 mil milhões de euros este ano.
Apesar desta emissão de curto prazo, o Tesouro está centrado em aproveitar o apoio do Banco Central Europeu para fazer colocações de muito longo prazo, à semelhança dos congéneres europeus, segundo sinalizou Cristina Casalinho. Em entrevista ao jornal “Público” esta quarta-feira, a presidente do IGCP alerta, no entanto, que “esta é uma janela que se vai fechar”.
“O principal programa de compras do BCE actualmente é o programa de emergência pandémica, que vai fechar em março de 2022. E a própria presidente do BCE até já disse que tanto podem comprar mais do que o previsto, como menos. A ideia é que, se a economia evoluir positivamente, o programa pode ser reduzido”, disse, vincando que nos últimos meses o ritmo de compras abrandou e existe uma expectativa de que as taxas de juro podem não descer muito mais. “Por isso, é normal que exista um certo sentimento de urgência por parte dos emitentes em aproveitar este momento. Aproveitam para emitir agora, porque à frente podem não ter taxas de juro tão baixas. Dito de outra forma, o chão das taxas de juro baixas poderá já estar para trás de nós e portanto é tentar emitir, enquanto esta janela não se fecha”, frisou.
(Título corrigido às 11h38)
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