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Artistas visuais contra critérios que deixam trabalhadores fora dos apoios

Para acesso ao apoio único, no valor de 438,81 euros, são admitidos apenas os profissionais da cultura inscritos exclusivamente como trabalhadores independentes à data de 01 de janeiro de 2020, indicam, referindo que a maioria destes profissionais “necessita de trabalhar em várias frentes para suportar os custos de vida e manter a sua prática artística”.
17 Fevereiro 2021, 19h43

A Associação de Artistas Visuais em Portugal (AAVP) considerou hoje, em comunicado, que os apoios do Governo para o setor da Cultura têm critérios “divisivos” e “fecham as portas a uma fatia considerável dos trabalhadores” desta área.

A entidade reagiu desta forma à regulamentação das medidas de apoio ao setor da Cultura, no âmbito da crise provocada pelas restrições decretadas contra a pandemia da covid-19, publicada numa portaria na segunda-feira, em Diário da República.

“Uma parte significativa dos artistas visuais em Portugal não vai poder, na realidade, vir a requerê-los”, conclui, acrescentando que os critérios para aceder a estas ajudas “são divisivos”, “contrariamente ao que parecia ser a intenção inclusiva e solidária nas medidas anunciadas pela ministra da Cultura, Graça Fonseca”, a 14 janeiro.

Para acesso ao apoio único, no valor de 438,81 euros, são admitidos apenas os profissionais da cultura inscritos exclusivamente como trabalhadores independentes à data de 01 de janeiro de 2020, indicam, referindo que a maioria destes profissionais “necessita de trabalhar em várias frentes para suportar os custos de vida e manter a sua prática artística”.

“A produção criativa não é sustentada. Os artistas visuais lecionam, trabalham em museus, servem nos cafés. Trabalham por conta de outrem, gerem as próprias empresas, abrem e fecham atividade sistematicamente, movendo-se da forma possível para se enquadrarem legalmente numa estrutura que é manifestamente pouco atenta a esta profissão”, elencam, como razões para justificar que os artistas visuais “não estão protegidos enquanto trabalhadores independentes, no sistema tributário e social”.

Por isso, “não estão inscritos exclusivamente como trabalhadores independentes”, justificam, criticando os critérios anunciados para a obtenção desta ajuda, “que vem sendo comunicada como a solução encontrada para apoiar todos os trabalhadores do setor cultural, mas que apoia, na verdade, uma minoria”.

A associação lamenta também, no comunicado, que após a AAVP ter contribuído, junto do Ministério da Cultura, “para uma melhor compreensão do que é a realidade profissional dos artistas visuais em Portugal, os pontos fulcrais não foram considerados, o que infelizmente desmerece o esforço continuado em colaborar ativamente para a subsistência do setor”.

“Num momento de emergência, com a paragem total da nossa atividade, a perspetiva é a de que o Governo possa vir a deixar a maior parte dos nossos profissionais sem apoio até ao final do primeiro trimestre”, alertam.

Aponta ainda que o formulário de pedido deste apoio único, estará disponível a partir de quinta-feira, mas apenas durante 20 dias, e, além disso, “ao contrário do que a ministra Graça Fonseca afirmou, este apoio não é cumulável com todos os apoios da Segurança Social”, e “esta medida também não contempla todos os códigos de atividade dos trabalhadores da cultura”.

Na segunda-feira, também a associação Plateia – Profissionais de Artes Cénicas criticou os apoios do Governo para o setor da Cultura, considerando que “não são suficientes, e contemplam critérios de exclusão injustos”.

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