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FMI teme que “grande ‘lockdown’ de 2020 se transforme na grande divergência em 2021”

A presidente do FMI defendeu que apostar em políticas mais restritivas quando as economias mais efectuadas ainda estão frágeis poderia acentuar as divergências entre os países. A longo prazo, alerta para a importância de aproveitar a crise para impulsionar alterações estruturais para uma Europeia mais verde e digital.
22 Fevereiro 2021, 14h46

O caminho para a recuperação é altamente incerto e provavelmente desigual. Esta é a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), cuja presidente, Kristalina Georgieva, teme que o “grande lockdown de 2020 se possa transformar numa grande divergência em 2021″, considerando que políticas mais restritivas quando as economias mais afetadas ainda estão frágeis poderia acentuar estas divergências.

“Atualmente projetamos um crescimento global de 5,5% e de 4,2% na União Europeia este ano. Mas o caminho para a recuperação é altamente incerto e, o mais importante, desigual”, disse Kristalina Georgieva, esta segunda-feira, numa conferência na semana parlamentar europeia do semestre europeu e interparlamentar sobre estabilidade, coordenação e governação económica na União Europeia.

A responsável da instituição de Bretton Woods justifica que a incerteza deriva da corrida contínua entre o vírus e as vacinas e a desigualdade das posições iniciais, estrutura económica e capacidade de resposta, que se traduzem por um crescimento das desigualdades não só entre os países, como dentro deles.

Admitindo que a divergência é mais acentuada nos países em desenvolvimento, alerta que “também é um risco para a União Europeia”, sublinhando que os destinos turísticos tradicionais tiveram contrações mais acentuadas – mais de 9% em Espanha, Grécia e Itália no ano passado -, em comparação com a quebra da economia de 6,4% na União Europeia.

Para a presidente do FMI, a grande questão que os decisores europeus enfrentam é: “como podemos garantir uma forte recuperação e enfrentar essa ameaça de divergência?”. Como ‘guia’ deixa três conselhos. Primeiro, é preciso acabar com a crise de saúde.

“Aumentar a produção e distribuição de vacinas é fundamental. O mesmo ocorre com o financiamento adicional para garantir doses e pagar pela logística, bem como a realização oportuna de realização de oferta excessiva. Isso requer cooperação”, assinala.

Ademais, adverte: “lute contra a crise económica”, considerando que até que a pandemia esteja derrotada, “o apoio para empresas e famílias deve continuar”, defendendo que a retirada gradual dos apoios “deve seguir, não preceder, uma saída durável da crise de saúde”, até porque diz que políticas mais restritivas prematuramente quando as economias mais afetadas ainda estão profundamente frágeis poderia exacerbar a divergência entre os países. Kristalina Georgieva alerta ainda para o impacto do fim dos apoios nas insolvências, salientando que acordos de insolvência e maior ênfase no suporte de capital podem ajudar a prevenir dívidas pendentes e falências crescentes.

Em terceiro lugar, defende que a crise deverá ser aproveitada para impulsionar as alterações estruturais para a digitalização e a transição verde, impulsionando a convergência da Europa. “Um impulso coordenado de investimento em infraestrutura verde é uma necessidade”, vinca, projetando que tal poderia impulsionar o PIB mundial durante 15 anos em cerca de 0,7% a cada ano, criando milhões de novos empregos.

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