“O mercado da aviação enfrenta a maior crise da sua história. Poucos sectores de atividade terão sido mais impactados pela pandemia do que o da aviação. Milhares de empregos e milhares de milhões de euros de receitas foram perdidos”, referiu o CEO da TAP, Ramiro Sequeira na audição da Comissão Parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, agendada para esta terça-feira, 23 de fevereiro, desde as 10h30, por proposta dos grupos parlamentares do PSD e do IL – Iniciativa Liberal. “No acumulado dos primeiros nove meses de 2020, que são os últimos dados divulgados aos mercados, o número de passageiros caiu 70% – tivemos menos 9,1 milhões de passageiros –, a nossa oferta teve uma quebra de 64% e a receita total caiu 81% face a 2019”, referiu. Mas as perspetivas não melhoraram: “suspendemos 93% da nossa operação em Fevereiro – quando comparada com o mesmo mês do ano passado – e março prevê-se similar”. O CEO alerta igualmente para o facto de que o mercado como era conhecido antes da crise da pandemia “não voltará”.
“As previsões da IATA para este ano apontavam para uma redução das receitas de 60% e uma quebra de operação de 50%. E os níveis de 2019 só seriam recuperados em 2024, mesmo com a vacina. Mas a verdade é que as primeiras semanas de 2021 e as previsões para os meses que se seguem contrariam as projeções já de si pouco animadoras”, referiu o CEO da TAP.
“A imposição simultânea de quarentena à chegada em alguns dos nossos principais mercados, aliada à retoma de medidas mais duras de confinamento em vários países e à proibição e suspensão de voos nas ligações aéreas entre Portugal e países como o Reino Unido, Angola e Brasil, ocorridas durante janeiro, trazem elevados constrangimentos à atividade da TAP”, explicou Ramiro Sequeira, adiantando que “suspendemos 93% da nossa operação em Fevereiro – quando comparada com o mesmo mês do ano passado – e março prevê-se similar”.
“Os apoios estatais às companhias aéreas aconteceram um pouco por todo o mundo. E é neste contexto que precisamos de analisar o apoio estatal de 1,2 mil milhões de euros à TAP”, referiu o CEO, esclarecendo que “a TAP não ficou à espera deste apoio para implementar, desde a primeira hora, diversas medidas para reduzir custos e proteger a sua situação de caixa”.
“Para além de medidas já muito faladas, e a que infelizmente tivemos de recorrer, como a não renovação de contratos a prazo, gostaria de salientar algumas, quer no campo da despesa como no da receita, designadamente, “reduções salariais de 30% de todos os membros da Administração, renegociações com mais de mil fornecedores, redução de rotas, com a descida de 54% de ASKs (número médio de lugares transportados por quilómetro voado) durante 1º semestre de 2020, deferimento de pagamentos de operating leases com lessors, renegociação com a Airbus para adiar a entrega de 15 aeronaves de 2020 para 2022, a venda de oito aeronaves”, referiu Ramiro Sequeira.
“Estamos a definir um conjunto de iniciativas que permitirão continuar a gerar poupanças ao longo dos próximos anos”, adiantou o CEO da TAP, destacando “do lado da receita, por exemplo, a reconfiguração de aviões para transporte de carga que nos permitiu 11 milhões de euros em receitas adicionais em 2020. Prova disso, são os cerca de 20 voos semanais que estamos a fazer para o Brasil para o transporte de material para produção de vacinas e variados bens”, referiu ainda o CEO.
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