Na atual crise da pandemia por Covid-19, “vivemos uma situação excecional, que não será vivida no futuro, mas o plano de reestruturação da TAP já provocou alterações inaceitáveis”, comentou o deputado do PCP, Bruno Dias, na audição parlamentar que esta terça-feira está a ser feita ao CEO da TAP, Ramiro Sequeira. O CEO, por seu turno, recorda que, se a situação pandémica piorou, “a retoma de 2024-2025 não será antecipada, e ainda ninguém sabe quando vai ser a retoma”.
“O regime sucedâneo já foi utilizado para rebentar com a contratação coletiva e o Governo entregou a ‘alavanca’ à administração da TAP, por isso quando se diz que a TAP não vai sobreviver, essa é uma opção do acionista, é uma opção do patrão. E a opção que estão a colocar é uma opção do, ou tudo ou nada. Só dá a opção dos trabalhadores escolherem qual é a faca com que querem o corte. Porque no caso dos acordos feitos com os sindicatos não serem ratificados pelos trabalhadores, só têm o regime sucedâneo”, refere Bruno Dias. “No corte da frota, começaram pelo fim e apontam para o tal excesso de trabalhadores e para as medidas draconianas de ataque aos trabalhadores e aos salários”, adianta o deputado comunista.
Em resposta, Ramiro Sequeira explica: “Utilizei a palavra alavanca, que é bem utilizada, porque é uma alavanca para garantir a sobrevivência da TAP e para garantir que o plano apresentado em Bruxelas é sustentável e para garantir que serão salvos 7000 postos de trabalho”, disse o CEO.
“A pandemia é uma situação conjuntural mas este verão não vamos estar todos no Algarve”, comentou ainda o CEO da TAP. “Situação conjuntural? Espero que sim, mas não está a ser fácil. Segundo a IATA a retoma de 2019 só virá em 2024-2025. Se a situação piorou, a retoma de 2024-2025 não será antecipada, e ainda ninguém sabe quando vai ser a retoma. A TAP nos últimos 10 anos teve dois anos de lucro, o que também parece que não é conjuntural”, respondeu o CEO da TAP.
O gestor considera que a TAP tem de ser mais competitiva e ter menores custos. “O acordo de emergência é para a situação atual. O próprio acordo já dura até 2024. Temos de ver o que se perde e o que mantemos. Para mim, mantemos 7000 postos de trabalho”, refere Ramiro Sequeira, alertando para algumas fragilidades da TAP, porque – recordou – “a TAP não está dentro de um grande grupo, não está na IAG, não pertence ao grupo Air France-KLM, nem está no grupo da Lufthansa”.
João Gonçalves Pereira, deputado do CDS-PP, por seu turno, alertou para o facto de apenas muito recentemente ter tido acesso ao plano de reestruturação, que foi finalmente apresentado ao Parlamento, o que mostra o desrespeito do ministro Pedro Nuno Santos, porque não deu conhecimento do que se passa na companhia aérea. Na comparação da TAP com outras companhias aéreas, o deputado centrista referiu que não pode ignorar “o que foi o caminho seguido por outros países, na Air France, na KLM, na Lufthansa, com profissionais do sector da aviação civil”, o que contrasta com as iniciativas desenvolvidas na TAP para ultrapassar os seus atuais problemas.
O deputado centrista questionou igualmente “como se atinge o breakeven da operação em 2023?” e em relação ao excesso de 3000 trabalhadores identificado no início, recordou que depois do universo de 3000 trabalhadores excedentários, “avaliaram melhor e reduziram os excedentes para 2000. Agora são 800. Então quem fez mal as contas?”
Gonçalves Pereira considera que antes de mais é preciso um agradecimento aos portugueses porque são quem faz esta injeção de dinheiro na TAP”, questionando o CEO da TAP sobre a forma como a TAP poderá manter o hub de Lisboa. Ramiro Sequeira repetiu parte das explicações que já tinha feito anteriormente, estimando que a estratégia que está a ser seguida na companhia aérea permitam que “em 2025 a TAP possa pagar dívida, e esse é o caminho que estamos a traçar”.
Ramiro Sequeira explicou que “80% das horas de voo iam ser asseguradas com aviões de nova geração, o que mostra que claramente houve uma evolução muito favorável na TAP. Ao termos aviões de nova geração, são aviões que consomem menos combustíveis e que emitem menos CO2. Com esta transformação que estivemos a fazer até agora – a grande renovação foi feita entre 2018 e 2019 – se olharmos para o plano até 2025, teremos menos 6% de consumo no médio curso e menos 26% de consumo no longo curso, o que é essencial para o futuro da TAP, tendo o cliente mais satisfeito, com mais vontade de voltar”, referiu.
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