A elétrica espanhola Endesa pediu ao Governo português maior visibilidade sobre os planos do país para as energias renováveis e também para o hidrogénio verde.
A companhia, uma das maiores elétricas ibéricas, está interessada em investir no país tanto em renováveis como no hidrogénio verde, mas considera que, neste momento, o cenário é pouco claro tanto em termos de prazos, como de potência a ser instalada, como em apoios.
Em relação às energias renováveis, o objetivo seria ter uma maior visibilidade sobre a capacidade da rede elétrica em Portugal para novos projetos de energia renovável durante determinado período.
O país realizou dois leilões de atribuição de pontos de rede numa potência total de dois mil megawatts (MW) em 2019 e 2020. O ministro do Ambiente já sinalizou que o Governo pretende continuar a realizar leilões nos próximos anos, mas ainda não existem datas para os novos concursos.
Entretanto, os acordos diretos entre produtores de energias renováveis e a REN e a EDP Distribuição já atingem os 3,5 gigawatts.
“Temos uma carteira importante de projetos em desenvolvimento, mas para poder concretizá-los precisamos de mais visibilidade sobre o desenvolvimento futuro”, disse esta quarta-feira, 24 de fevereiro, o presidente executivo da Endesa, José Bogas.
Esta visibilidade diz respeito “tanto a potenciais leilões de potência, como dos chamados acordos diretos entre os promotores e os operadores de rede [REN e EDP Distribuição] para se poderem ligar à rede”.
“O ideal seria contar com, como acontece em outros países europeus, com previsões plurianuais, de nova capacidade de injeção na rede, e em que modalidade vai ter lugar”, afirmou o gestor espanhol numa conferência de imprensa virtual que teve hoje lugar.
A energética espanhola Endesa está interessada em desenvolver projetos de hidrogénio verde em Portugal, mas gostava de saber quais os apoios económicos a que se pode candidatar antes de avançar.
A companhia espanhola diz que está a “trabalhar no desenvolvimento de projetos, e na identificação de potenciais clientes interessados no uso do hidrogénio em Portugal”, em particular no sector industrial.
Na sua intervenção, José Bogas disse que, por o hidrogénio verde “não ser competitivo comparando com outras fontes de energia”, a Endesa precisa de “maior visibilidade sobre os apoios económicos que podem vir a existir em Portugal para estes projetos e também o apoio que venha a dar a União Europeia”.
Em Espanha, a Endesa propôs ao Governo avançar com 23 projetos, representando 2,9 mil milhões de investimentos, para construir 340 megawatts de eletrolisadores (que servem para produzir hidrogénio), mais dois gigawatts de energias renováveis para alimentar a produção de hidrogénio verde.
Em Portugal, o Governo chegou a ter programado enviar para Bruxelas até ao final de 2020 o dossiê da candidatura nacional a fundos europeus, o processo IPCEI, mas o processo continua sem avançar.
“Esta candidatura não foi ainda apresentada, estando em fase de preparação. Não foi atribuído qualquer financiamento no âmbito do processo IPCEI e não está definido o modelo final do projeto ou projetos nem sequer as entidades (empresas) que o integrarão, no futuro. Em resumo, não se verifica, à data, qualquer adjudicação, ou financiamento assegurado ou atribuído, ou qualquer decisão final tomada”, disse o ministro do Ambiente no Parlamento a 27 de janeiro.
No caso das renováveis, os acordos diretos para ligar centrais solares à rede elétrica já atingem os 3,5 gigawatts (GW). São 14 projetos no total cuja capacidade ultrapassa em muito a potência já atribuída através de dois leilões: cerca de dois gigawatts.
“Através dos acordos bilaterais, já foram aprovados 14 projetos de energia solar fotovoltaica, do norte ao sul do país, num total de 3,5 gigawatts”, disse a 17 de fevereiro o ministro do Ambiente.
Estes acordos bilaterais constam em acordos diretos entre os promotores e os operadores da rede (REN e EDP Distribuição) para fazer a ligação das centrais à rede elétrica, de forma a escoar a eletricidade.
Estes acordos só são realizados “quando existe capacidade disponível nessa rede, recaindo sobre os promotores o custo de investimento na rede”. Estes acordos têm uma particularidade, quando são comprados passam a ser detidos para sempre pela adquirente. Quando estiverem em funcionamento, estas centrais não têm direito a qualquer remuneração, tendo de vender a sua eletricidade em mercado.
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