“O Governo decidiu convidar o Dr. Paulo Macedo para CEO da Caixa Geral de Depósitos, tendo o convite sido aceite”. Foi assim que em comunicado o Ministro das Finanças, Mário Centeno, deu a conhecer o novo rosto que vai ocupar a administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Mas depois da demissão de António Domingues, a nomeação do Sr. Fisco para a Caixa forte do Estado esta sexta-feira parece estar a dividir opiniões nos diferentes quadrantes políticos. Se à direita se aplaude esta nomeação, à esquerda não se poupam críticas.
Começando pelo PSD, o deputado Leitão Amaro, afirma que os sociais-democratas “estimam e respeitam” a escolha do ex-ministro da Saúde do governo PSD/CDS por parte do Governo de António Costa para a nova administração da CGD.
Leitão Amaro reitera que “todas as trapalhadas que aconteceram na Caixa Geral de Depósitos há quase um ano nunca foram uma questão de pessoas, foram uma questão de escolhas, de más decisões, de incompetência do Governo”.
Quanto a Paulo Macedo, o PSD destaca que “é um independente que respeitamos e estimamos, mas as regras, os princípios básicos de transparência, boa gestão pública, escrupuloso cuidado na aplicação do dinheiro dos contribuintes, valem independentemente das pessoas, por mais estimadas que elas sejam”.
Mais ao centro, o CDS fez saber que a polémica nunca foi uma questão de nomes, mas sim uma questão “legal e ética” que tem de ser acautelada. Nuno Magalhães, líder da bancada do CDS afirma que Paulo Macedo tem competências para desempenhar bem o cargo e lembra que “foi um excelente Ministro da Saúde” e que assim que estejam reunidas todas as condições “fará um bom trabalho”.
Os centristas insistem que todo o processo da CGD “foi uma irresponsabilidade e trapalhada do Governo e do primeiro-ministro [António Costa]”. Nuno Magalhães diz ainda que é urgente normalizar e credibilizar a CGD. “O CDS sempre defendeu a essência de um banco público e 100% forte e credível. É urgente que se faça o processo de recapitalização”.
À esquerda, também o PCP já reagiu a esta nomeação, dizendo que Paulo Macedo “não reúne condições” para liderar a Caixa Geral de Depósitos (CGD). A posição do partido foi apresentada por Jorge Pires, membro do Comité Central, à margem do XX Congresso do PCP, em Almada.
Jorge Pires sublinha que Paulo Macedo foi “um dos principais ministros de um Governo de má memória para os portugueses” e que a intervenção no Ministério da Saúde foi “negativa”, pelo que condena a escolha do ex-ministro por parte do Governo de António Costa.
O Bloco de Esquerda também demarcou a sua posição face aos partidos de direita. A coordenadora do BE, Catarina Martins, espera que com esta nova nomeação se inicie uma “nova fase” no banco do Estado, tendo em conta que “o Bloco de Esquerda manter-se-á como uma garantia de exigência, de transparência e que a Caixa Geral de Depósitos se comporte como um banco público”.
Catarina Martins acrescenta que o anterior Conselho de Administração liderado por António Domingues “demonstrou na prática que não servia a Caixa Geral de Depósitos, porque não cumpriu as regras da transparência, porque criou ruído, porque fez com que a notícia sobre a Caixa fosse o Conselho de Administração e não da Caixa ser um banco sólido, forte, ao serviço da economia”.
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