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Marques Mendes: “A nacionalização do Novo Banco é um perigo”

O comentador prometeu anunciar na próxima semana outras alternativas à venda do Novo Banco, se fracassar a venda em curso, que não passam pela nacionalização. Já sobre os juros da República, alertou para o facto de num ano “a Irlanda ter visto os seus juros (yields) caírem 7%; a Espanha viu os juros baixarem 8% e mesmo na Grécia os juros caíram 19%. Já em Portugal aumentaram 60%”.
Flickr PSD
8 Janeiro 2017, 22h11

“Acho que a nacionalização [do Novo Banco] é um perigo”, disse hoje Luís Marques Mendes no seu comentário semanal na SIC.

Num dia em que a morte de Mário Soares dominou o comentário de Marques Mendes, o comentador não deixou de falar de dois temas da semana muito importantes: O futuro do Novo Banco e a subida dos juros da dívida soberana portuguesa a 10 anos.

No caso do Novo Banco, numa semana em que se discutiu a nacionalização como alternativa à venda, Marques Mendes  alertou para os riscos de isso ter um impacto forte nas contas públicas e de nesse aspecto não evitar custos para os contribuintes.

“Há o risco de acontecer o mesmo que aconteceu com o BPN, que ainda hoje o Estado está a pagar a factura da nacionalização”, disse Marques Mendes que lembrou que na altura (em 2008) também se elogiou a opção pela nacionalização do BPN, e dizia-se que não ia ter custos para os contribuintes e até hoje as contas do Estados estão a pagar as perdas do banco”.

“A nacionalização é muitas vezes sinónimo de desperdício”, explicou o comentador.

“Depois a nacionalização implica o Estado ter de injectar dinheiro público nos aumento de capital do Novo Banco e acaba por ter impacto nas contas públicas”, isto é, “acaba por ter o mesmo efeito que a garantia estatal dada aos compradores”, explica.

Marques Mendes alerta ainda para o facto de Bruxelas provavelmente se opor a uma nacionalização do Novo Banco, lembrando a carta que António Costa escreveu em Junho às instâncias europeias em que garantia que o Estado não injectaria mais dinheiro no Novo Banco e que este ou era vendido até 3 de Agosto ou entraria em liquidação ordeira, que é o que consta no Regime Geral das Instituições de Crédito no que se refere a bancos de transição.

“Mas mesmo que Bruxelas autorizasse, é preciso não esquecer que na maior parte das vezes impõe medidas de reestruturação, como remédio, tão fortes e tão pesadas socialmente que são semelhantes a uma liquidação”.

Luís Marques Mendes prometeu falar na próxima semana de “outras alternativas à venda” do Novo Banco, se a venda não for mesmo possível.

Marques Mendes elogiou o papel do Banco de Portugal e do Governo neste dossier.

Juros: Portugal num ano subiu 60% em contra-mão com os outros países periféricos

Luís Marques Mendes fez o cálculo de quanto subiram os juros  (yields) da dívida portuguesa a 10 anos e comparou com a evolução dos juros (de Janeiro a Janeiro) da Irlanda, Espanha e Grécia.

“Os juros da Republica subiram acima dos 4%, o Governo diz que é da conjuntura internacional, mas mesmo que possa ser justificado em parte pelo contexto internacional, há uma parte que não é”, diz o comentador.

De Janeiro de 2015 a Janeiro de 2016 “a Irlanda viu os seus juros (yields) caírem 7%; a Espanha viu os juros baixarem 8% e mesmo na Grécia, onde a taxa de juro a 10 anos é superior à nossa, os juros caíram 19%. Já em Portugal aumentaram 60%”.

Sobre Mário Soares

Marques Mendes fez uma resenha dos factos mais marcantes da vida do histórico líder socialista. Destacamos a referência ao seu papel na descolonização das ex-colónias. “Foi o momento mais delicado da carreira política de Mário Soares”, lembrando que foi muito criticado pelos retornados de África, que “têm motivos e queixa legítimos porque muitas vieram em condições absolutamente inadmissíveis”, diz Marques Mendes, referindo-se ao facto de terem sido obrigadas a sair das ex-colónias de um dia para o outro deixando para trás todos os bens.

Mário Soares, diz o comentador, explicava que isso se deve ao facto de ter sido uma descolonização tardia e atribui também esse episódio ao facto de Portugal não ter tido força, nem capacidade negocial, para obter boas condições para o êxodo dos portugueses que viviam em África.

“Liberdade, Democracia e Europa”, são as três palavras que definem Mário Soares para Marques Mendes.

O comentador lembrou ainda o papel de Mário Soares, na oposição na altura, na mudança da Constituição que permitiu as reprivatizações, e realçou a importância dos consensos.

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