Jerónimo de Sousa aproveitou a cerimónia que assinala o centésimo aniversário do PCP para sublinhar a importância do partido na história portuguesa ao longo das várias épocas da sua vida política, económica e social. Num discurso em Lisboa este sábado, o secretário-geral comunista deixou críticas à direita e PS e reforçou a vontade do partido de ver implementados os ideais de esquerda.
“Não somos uma força de apoio ao PS nem um instrumento ao serviço dos projetos reacionários do PSD, CDS e seus sucedâneos. Somos a força da alternativa patriótica de esquerda que está na luta pela sua concretização”, afirmou Jerónimo de Sousa, depois de relembrar o papel do PCP na afirmação da democracia portuguesa.
“Em Portugal não há avanço, conquista e progresso que não tenha contado com as ideias, esforço e luta dos comunistas do PCP”, argumentou o líder comunista, destacando o “pesadíssimo e doloroso preço de perseguições, prisões, torturas e assassinatos” em que incorreram os “protagonistas ativos das transformações das primeiras linhas de combate” aquando da transição do Estado Novo para a democracia.
Jerónimo lembrou ainda aquele que, para si, é um dos fatores que contribuiu decisivamente para o sucesso do partido, o “ter contado no seu seio com a dedicação e o trabalho de gerações de intrépidos combatentes, mulheres, homens e jovens de grande coragem”, dedicando uma palavra especial ao incontornável Álvaro Cunhal.
Por outro lado, a oposição feita pelos comunistas aos governos PS e PSD das últimas décadas também mereceu uma nota.
“A solução para os graves problemas do país não se encontra dando retoques no mesmo e fracassado modelo. É preciso uma nova política”, defendeu, alegando que o atual curso levou o país a “graves problemas estruturais” como uma elevada dependência externa ou a intervenção da UE e troika.
O líder comunista alertou também para o “projeto que visa a subversão da Constituição da República e a revisão das leis eleitorais que o PSD já prepara, esta para formar maiorias artificiais” e reforçou a oposição do partido à “ação revanchista do CDS, PSD e dos seus sucedâneos Chega e IL, os novos pontas de lança do grande capital”. Para o secretário-geral, é fulcral não cair nos “medos irracionais, tensões racistas, xenófobas e homofóbicas e uma suposta cruzada contra a corrupção” que algumas destas forças políticas querem criar.
“Mudou muita coisa nestes 100 anos, mas não mudou a natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora do sistema capitalista, antes se acentuaram no seu percurso esses traços”, declarou ainda Jerónimo de Sousa, lembrando o impacto assimétrico da pandemia não só dentro de portas, mas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
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