Com a instabilidade dos mercados financeiros, com o crescimento dos graus de incerteza da actividade económica, com aquilo a que o mundo ocidental, ou a Europa, vêm qualificando como crise, as empresas familiares ganharam uma visibilidade que não lhes era habitual e, porventura, para a qual não estavam preparadas.

Acontece que se às empresas é exigida uma certa notoriedade, com as famílias já assim não é e, frequentemente, o que estas pretendem, em grande maioria, é discrição e reserva. E esta realidade é bem ilustrativa da tensão imanente ao próprio conceito de empresa familiar. Tensão entre a busca da felicidade e a necessidade de alcançar resultados, tensão entre os afectos e a racionalidade, tensão entre o capital e a gestão.

E desta tensão têm resultado genericamente casos de sucesso. Casos de sucesso tanto maiores quanto mais capazes os responsáveis são de assegurar e compatibilizar a prosperidade da empresa com o bem-estar da família.

Para tanto parece ser essencial ter um claro projecto para a empresa, para a sua actuação e para a sua continuidade. Do mesmo passo que se assegura a criação, manutenção e desenvolvimento de relações de confiança entre todos os membros da família. Afigura-se-nos que só com uma visão clara e com níveis de confiança elevados é possível evitar, ou resolver, as tensões que podem fazer perigar a continuidade da empresa e/ou a unidade dos membros da família.

É com este enquadramento e para ajudar a alcançar estes objectivos que são tão importantes temas como a Governance da empresa e da família, o protocolo familiar e as suas regras , as regras patrimoniais e accionistas , a definição de uma estratégia de longo prazo, os tipos de envolvimento e de relação entre a família e o negócio ou a abordagem profissional das funções.

O autor escreve segundo a antiga ortografia.

 

Artigo publicado originalmente na edição impressa de 10 de Março.