A implantação gradual de vacinas eficazes, os anúncios de apoio orçamental adicional em alguns países, como os Estados Unidos, e sinais de que as economias estão a lidar melhor com medidas para conter a propagação da Covid-19 levou a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE) a rever em alta as projeções para a economia mundial e da zona euro para este ano e 2022.
Nas projeções intercalares publicadas esta terça-feira, a organização com sede em Paris, projeta que o crescimento do PIB mundial se fixe em 5,6% este ano, mais 1,4 p.p. do que em dezembro, e 4% em 2022, mais 0,3 do que anteriormente, “com a produção global a crescer acima do nível pré-pandemia em meados de 2021”.
Também as projeções para a zona euro foram revistas em alta, com a OCDE a projetar uma expansão de 3,9% este ano, mais 0,3 p.p. do que em novembro, e de 3,8% em 2022, mais 0,5. Entre as principais economias europeias, a Alemanha deverá crescer 3% este ano e 3,7% em 202, França ter um aumento do PIB de 5,9% este ano – uma revisão em baixa de 0,1 p.p. face a dezembro – e de 3,8% em 2022 – mais 0,5 p.p.. A OCDE vê ainda Itália a crescer 4,1% este ano e 4% no próximo ano e a economia espanhola 5,7% este ano, mais 0,7 p.p. do que no anterior relatório – e 4,8% em 2022.
Apesar de assinalar uma recuperação global mais rápida do que o esperado no final do ano passado, sublinha que existem sinais de divergência crescentes no desenvolvimento de atividades entre os setores e economias. “Nas principais economias avançadas europeias, o ritmo de recuperação tem sido mais modesto, refletindo interrupções prolongadas de novos surtos de vírus e reduções associadas nas horas de trabalho em muitos setores e serviços”, refere o relatório apresentado pela economista-chefe da instituição, Laurence Boone.
A OCDE sublinha que a especialização de diferentes setores das economias está também a afetar o crescimento, com as economias mais dependentes de viagens internacionais e turismo tendencialmente registaram uma queda maior do PIB em 2020. Ainda assim, destaca que as medidas de contenção e os declínios associados à mobilidade “parecem ter atualmente um impacto adverso menor na atividade do que nos estágios iniciais da pandemia”.
Defende assim que o apoio à política orçamental e monetária deve continuar a sustentar a procura. “A redução da incerteza, a melhoria da confiança e, eventualmente, uma melhor perspetiva do mercado de trabalho irão permitir que as famílias reduzam a poupança gradualmente, embora a crescente concentração da poupança entre as famílias de maior rendimento com menor propensão marginal a consumir possa desacelerar a retoma do consumo em alguns países”, sustenta, vincando que apesar da melhoria das perspetivas globais, a produção e os rendimentos em muitos países irão continuar abaixo do nível esperado antes da pandemia no final de 2022.
Dá ainda nota que permanecem riscos “consideráveis”, defendendo que o ritmo de produção e implementação do processo de vacinação a nível mundial precisa de ser acelerado. “Um progresso mais rápido na implementação de vacinas em todos os países iria permitir levantar as restrições mais rapidamente e aumentar a confiança e os gastos. O lento progresso na implantação da vacina e o surgimento de novas mutações de vírus resistentes às vacinas existentes iriam resultar numa recuperação mais fraca, maiores perdas de emprego e mais falências comerciais”, refere o relatório, que apela aos governos para darem recursos suficientes para permitir que programas de testagem, rastreio e rastreamento funcionem com eficácia.
Para a OCDE é ainda fundamental que a política monetária continue acomodatícia e que o apoio orçamental continue a apoiar a procura e seja direcionado, devendo depender do estado da economia e do ritmo do processo de vacinação, com novas medidas de política implementadas pronta e integralmente, se necessário. “Uma retirada prematura e abrupta do apoio, como no rescaldo da crise financeira global, deve ser evitada enquanto as economias ainda são frágeis e o crescimento continua prejudicado por medidas de contenção e um ritmo lento de vacinação”, acrescenta, deixando notas para o futuro: são necessárias reformas estruturais em todos os países para aumentar as oportunidades, melhorar o dinamismo económico e promover uma recuperação forte, sustentável e inclusiva no pós-pandemia.
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