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Viriato vende móveis para hotéis em todo o mundo

Empresa familiar de Paredes fatura 95% a fabricar móveis para as mais luxuosas cadeias hoteleiras fora de Portugal. E quer crescer dos atuais 17 milhões de euros de vendas para 50 milhões em 2020.
28 Abril 2017, 19h00

A Viriato Concept Hotel é uma marca da empresa de móveis Viriato, pertencente à família do mesmo nome e sedeada em Paredes, que exporta 95% da sua produção para as maiores cadeiras hoteleiras de todo o mundo, como Marriot, Sheraton, Meridien, Intercontinental, Hilton, Pestana, Club Med, Hyatt ou Grupo Pestana.

“A Viriato Hotel Concept é uma marca desta empresa familiar com sede em Paredes que decidiu fabricar apenas móveis para a hotelaria. Foi aí que assentou grande parte da produção da empresa nos últimos anos. Dedicamo-nos não só à produção de móveis para hotéis mas também à própria decoração. Apresentamos projetos chave-na-mão e produzimos apenas para hotéis de nível superior, de quatro ou cinco estrelas, do segmento médio alto e alto, desde o Marriott ao Grupo Pestana, por exemplo, que em Portugal é um dos nossos clientes de referência”, explica João Martins, CEO (presidente executivo) da Viriato, em declarações ao Jornal Económico.

A empresa, que celebrou ontem  o seu 65º aniversário, fechou o ano passado com uma faturação de 17 milhões de euros, “dos quais cerca de 40% foram conseguidos em África, cerca de 30% na Europa Central e do Norte, cerca de 24% na América e Pacífico e cerca de 5% em Portugal”, revela João Martins. Este responsável destaca que, “para este ano, de acordo com os contratos que já firmámos e que mantemos em pipeline, prevemos um crescimento de cerca de 47%, para cerca de 25 milhões de euros, dos quais 65% deverão ser conseguidos em África”. No entender do CEO da Viriato, “as cadeias hoteleiras internacionais estão a apostar muito em África, em projetos novos” e uma das razões para isso é que a população ativa em África em 2020 vai ser superior à da China ou da Índia.

“A nossa previsão no plano estratégico é que possamos estar a faturar cerca de 50 milhões de euros por ano no período entre 2020 e 2023. No plano estratégico até 2020, a Viriato prevê que a contribuição de África para o nosso volume de negócios passe dos atuais 40% para 65%. Em África, temos estado a apostar essencialmente nos países francófonos. Também já tivemos alguns negócios em Angola, mas já não é um mercado relevante para nós”, adianta João Martins. Segundo o CEO da Viriato, o foco da empresa neste continente nos próximos anos vai centrar-se em mercados como a Argélia, Marrocos Costa do Marfim, Senegal, Mauritânia, Etiópia, Mali ou Gana, e com a tentativa de reforçar a presença nos países africanos anglófonos.
João Martins acrescenta que as perpetivas de crescimento da Viriato no continente africano também dependem do facto de que a França é um mercado relevante em termos turísticos e com a presença das maiores cadeias hoteleiras internacionais. Mas, na Europa, além de França, a Viriato também tem apostado em Inglaterra e nos países nórdicos. Na América, “temos estado presentes acima de tudo em Nova Iorque e nas Caraíbas, que representam entre 7% e 8% da nossa faturação”.

“Na Europa, esperamos obter uma facturação de cerca de 20%, principalmente em projetos de remodelação de maior volume, e cerca de 5% a 6% em Portugal, que é um mercado que tem margens mais baixas”, avança João Martins. Face às expetativas de forte crescimento da faturação, a Viriato está preparada para responder ao acréscimo de procura. “Neste momento, a Viriato tem uma unidade fabril que tem capacidade para equipar o mobiliário de 50 hotéis de 250 quartos cada em simultâneo, numa base anual, em média”, garante o CEO da empresa. “Se viermos a atingir ou a superar esses valores, poderemos sempre recorrer a outros produtores da região com quem mantemos relações de parceria”, esclarece.

Além de trabalhar especificamente neste nicho de mercado da hotelaria, a Viriato assegura ainda a decoração dos interiores dos hotéis. “Ao tratarmos da decoração, somos uma empresa que leva por arrasto para a internacionalização uma série de empresas e de indústrias nacionais, porque temos de tratar dos cortinados, tapetes, papel de parede, iluminação. Somos assim uma empresa com capacidade para levar para fora um conjunto de empresas fornecedoras da indústria hoteleira”, destaca João Martins. Este responsável realça ainda que a Viriato “mantém em permanência uma equipa de investigadores e criativos para encontrarem a melhor solução face ao que o cliente pretende e que permite fazer o reajuste da maior parte das soluções em função do plafond dos investidores, com a personalização de cada uma das soluções”.

João Martins assegura que a Viriato se irá manter focada na produção de mobiliário para o segmento hoteleiro internacional, o que não quer dizer que não possa trabalhar para outros players ou para outros fornecedores de serviços, como os hospitais ou as escolas. Empregando na atualidade 114 colaboradores e mantendo equipas próprias de instalação dos móveis, de todas as peças, nos mais variados pontos do mundo, a empresa respira boa saúde financeira, de que é exemplo o facto de atingir de forma sistemática uma EBITDA que vale 10% da faturação.

Sendo uma empresa familiar, parece ter assegurados sem sobressalto os mecanismos de sucessão, uma vez que, como sublinha João Martins, gestor profissional da empresa, “na Viriato está já a entrar a terceira geração da família”. Razões para manter a história de sucesso desta empresa que começou com uma pequena oficina familiar, que soube lidar com a crise e ficar mais forte, transformando-se numa marca global, fornecedora os maiores e mais luxuosos hotéis nos cinco continentes.

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