Foram concedidas 5003 Autorizações de Residência para Investimento (ARI), os conhecidos Vistos Gold, nos primeiros quatro meses do ano. De acordo com os dados divulgados pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), 4712 do total foram concedidos por via do requisito da aquisição de bens imóveis.
O mês de abril, com um total 122 vistos concedidos, registou uma quebra de cerca de 60% face ao mês anterior, algo que não surpreende Luís Lima, presidente da APEMIP: “Infelizmente, estes números confirmam os alertas que tenho feito. Nos últimos meses, os dados divulgados pelo SEF pareciam positivos, passando ao mercado uma mensagem enganadora. Na verdade, o que se verificava era uma monitorização aos despachos efetuados pelos trabalhadores e não aos resultados reais do programa no mercado. Cerca de 90% das emissões feitas nos últimos meses dizem respeito a processos antigos, que estavam há muito tempo a aguardar deferimento, e não a novos pedidos.” declara.
Para Luís Lima, esta quebra deverá continuar nos próximos tempos, o que se deverá à “perceção negativa” que os potenciais investidores têm do programa, devido aos constantes bloqueios burocráticos que enfrentam. O presidente da APEMIP declara que, “uma vez que há pedidos a aguardar despacho há mais de 10 meses, e outros parados há mais de um ano”, os investidores procuram alternativas, como é o caso de Espanha, “para onde têm fugido os investidores que desistem de Portugal”, como declara Luís Lima.
Para resolver esta questão e normalizar o programa de atribuição de vistos Gold, o presidente desta associação apela ao bom senso dos governantes. “O mercado precisa que este procedimento normalize de uma vez por todas. O problema de perceção já está criado, e o que aconteceu afastou o negócio e os investidores. Agora, temos que tentar descobrir uma solução. Para isso, é preciso que o Governo trabalhe em conjunto com os agentes do mercado para que juntos possamos voltar a captar novos investidores”, diz.
Em termos de investimento total, os vistos Gold já trouxeram para o país mais de 3 mil milhões de euros desde a sua criação, sendo que a aquisição de bens imóveis supera já os 2,7 mil milhões de euros. Os chineses mantêm-se no topo da lista dos cidadãos que mais investem neste programa, com um total de 3376 vistos concedidos; seguindo-se o Brasil, com 403; a África do Sul, com 180; a Rússia, com 173; e o Líbano, com 99.
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