No próximo ano letivo, a Escola Superior de Gestão de Paris introduzirá em dois dos seus cursos online um novo software. Desenvolvido pela LCA Learning, o Nestor – assim se chama o programa –, utiliza as webcams dos alunos para analisar movimentos oculares e expressões faciais para determinar o nível de atenção dos alunos durante as aulas. Usando os dados recolhidos, o sistema formula testes, cujas perguntas se baseiam na matéria abordada durante os momentos de desatenção, apenas permitindo que os alunos avancem para a próxima aula depois de passarem no teste. Assim, garante o fundador da LCA, Marcel Saucet, é possível melhorar a performance dos alunos. Da mesma forma, também será possível melhorar a forma como estas aulas são ministradas. A informação da atenção dos alunos é fornecida também ao professor, que pode assim melhorar as suas técnicas de ensino. Para já esta tecnologia será utilizada apenas em aulas virtuais, mas Saucet espera lançar uma versão para as aulas presenciais, onde serão enviadas notificações em tempo real aos alunos sempre que não estejam a prestar atenção.
Esta não é, no entanto, a primeira experiência feita com este tipo de tecnologia. A Escola de Negócios de Madrid criou o que apelidaram de Sala WOW (acrónimo de Window On the World), onde o professor está frente a uma parede de ecrãs e ensina alunos que se ligam através da internet. Aqui, tal como acontece com o Nestor, o sistema usa “sistemas de reconhecimento de emoções” para medir a atenção dos alunos.
Os defensores do uso da inteligência artificial no ensino afirmam que esta tecnologia pode ser utilizada como uma espécie de tutor virtual, adaptando-se às necessidades individuais de cada aluno. Por outro lado, os detratores destas tecnologias revelam receio quanto à forma como os dados recolhidos serão tratados e protegidos. Saucet afirma que o Nestor não guarda as imagens capturadas durante as aulas e que a sua empresa não planeia vender os restantes dados registados. Além disso, os dados serão anónimos e ecriptados.
No entanto, o fundador da LCA Learning, revela que o software pode ser integrado com o calendário letivo para sugerir possíveis tempos de estudo, bem como monitorizar o seu comportamento online e reconhecer padrões. Assim, diz Saucet, se um aluno passar as noites a ver vídeos do YouTube, o sistema pode sugerir que esse tempo seja passado a estudar. Em todo o caso, caberá “às escolas a palavra final sobre como tratar e armazenar os dados”, conclui Saucet.
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