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Portugal: Taxas a dez anos atingiram o valor mais baixo desde setembro

Taxas portuguesas a dez anos atingiram hoje o valor mais baixo desde setembro: 2,96%. O spread face à dívida alemã está em valores de março de 2016 e estreitou também face às dívidas dos países periféricos.
1 Junho 2017, 16h01

Os juros da República estão a descer. Mas os analistas ainda atribuem parte desta descida à continuidade da política monetária expansionista do BCE e ao seu programa de compra de ativos.

As obrigações do tesouro a 10 anos estão a cotar nos 2,96%, a valores de setembro de 2016. O spread (diferença) face às bunds alemãs (dívida a 10 anos) está nesta altura nos 266 pontos base (2,66%) e é o spread mais baixo de há um ano (iguala a valores de março de 2016).

A questão essencial é que não só está a estreitar a diferencial face aos juros alemães como se estreitam os spreads face às dívida de países com riscos similares. Isto é, de Itália e de Espanha.

O spread das OT portuguesas a 10 anos face à dívida da republica italiana (taxa de juro de 2,238%) que chegou a máximos do ano de 210 pontos base, está nesta altura nos 72 pontos base.

Já face a Espanha cuja dívida a 10 anos está nos 1,54%, o spread está nos 144 pontos base, que são valores só atingidos em 2016.

Portugal beneficia do facto de neste momento Espanha (com o risco de resgate ao sexto maior banco espanhol, o Popular) e Itália com o resgate aprovado, com bail-in incluído, ao Monte dei Paschi, estarem com maior percepção de risco para os investidores. Podendo os investidores estarem a transferir o investimento de um país para o outro.

João Queiroz do Banco Carregosa explica a melhoria da performance da dívida portuguesa, com os últimos dados macroeconómicos (crescimento do PIB de 2,8% no primeiro trimestre) e com a saída de Portugal do Procedimento dos Défices Excessivos.

“Há a expectativa que no segundo trimestre se mantenha o mesmo desempenho económico do primeiro trimestre. Nomeadamente ao nível da exportação de serviços (turismo), e não havendo descidas na exportações de bens, nem derrapagem nas despesas do Estado, o crescimento económico poderá manter-se no segundo trimestre. O que permitirá que no fim do ano se possa atingir uma evolução sustentada, dentro daquilo que está acordado com os parceiros europeus”.

João Queiroz adianta ainda que o pagamento antecipado ao FMI ajudaria a reduzir o forte stock nominal de dívida.

O Governo pediu, na semana passada, autorização a Bruxelas para devolver mais cerca de 10 mil milhões de euros ao FMI antes do prazo de pagamento inicialmente acordado.

O ministro das Finanças acrescentou, esta semana, na segunda-feira, que o prazo que o Governo solicitou para realizar esta amortização foi de 30 meses, considerando que esse “é financeiramente o prazo adequado para não causar pressão adicional no financiamento da dívida em Portugal. Ora trinta meses vai para lá do fim da legislatura. Este é um programa que terá de ser implementado com cautela e sem pôr mais pressão adicional no mercado e, portanto, se calhar não é para concluir até ao fim da legislatura”, disse.

João Queiroz lembrou que o BCE continua a reafirmar a manutenção da política monetária expansionista e o programa não convencional de compra de activos, pelo que “não se antevê alterações do quadro monetário”.

 Já Eduardo Silva, gestor da corretora XTB, diz que “os bons indicadores económicos a nível nacional, com destaque para o crescimento, têm algum impacto sobre o rating. No entanto, o programa expansionista do BCE é o principal factor para esta queda nos juros”.

“Os maus dados da inflação na zona euro voltaram a levantar a questão de se a recuperação deste indicador se encontra mesmo numa tendência altista. Confirmando-se nos próximos registos uma falta de consistência nos dados, o BCE terá maior cuidado com comentários de normalização iminente e em último caso, um pouco provável nesta fase, prolongamento do programa”, acrescenta o gestor da XTB.

(atualizada à 17:30)

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