A poupança interna manteve-se estabilizada em 2016, em 15% do Produto Interno Bruto (PIB), referiu o Banco de Portugal no seu Relatório de Estabilidade Financeira, hoje divulgado. Este valor fica abaixo da média da zona euro, que é de 24%, num contexto de baixas taxas de juro, crescimento moderado da economia e elevados níveis de confiança dos consumidores, refere o supervisor. E a poupança dos particulares está a diminuir.
Segundo o REF, a capacidade de financiamento dos particulares foi de 1,2% do rendimento disponível em 2016, menos 0,3 p.p. que no ano anterior. E a poupança dos particulares registou o valor mais baixo desde o início da atual série, com 4,4% do rendimento disponível em 2016, o que poderá refletir “uma diminuição do aforro por motivos de precaução”, numa altura em que muitas pessoas sentem que a crise ficou para trás.
Por outro lado, apesar de um aumento dos fluxos brutos de novos empréstimos à habitação e ao consumo, continuou a verificar-se em 2016 uma redução da dívida financeira dos particulares, destaca o BdP. Desde 2011, a dívida dos particulares em percentagem do rendimento disponível diminuiu 21 pontos percentuais, para os 110% do rendimento disponível verificados no final de 2016. Apesar da descida, continua a ser quarta mais elevada da zona euro, atrás da Holanda, Chipre e Irlanda.
O supervisor salienta que a economia portuguesa tem apresentado capacidade de financiamento, desde 2013, com níveis de poupança e investimento positivos e um saldo positivo das transferências de capital. Em 2016, a capacidade de financiamento da economia foi de 1,5% do PIB, mais 1,2 pontos percentuais que em 2015, mas a posição de investimento internacional da economia portuguesa é ainda uma das mais negativas da zona euro, lembra o BdP.
O BdP nota que apesar de Portugal beneficiar do programa de compra de dívida pública do BCE, no ano passado verificou-se um agravamento dos diferenciais face à dívida pública alemã. “Em 2017, apesar da redução do montante mensal de compra de dívida pública portuguesa no âmbito do PSPP, esses diferenciais diminuiram, de forma mais acentuada do que em outros países afetados pela crise da dívida soberana”, salientou.
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