“Pela primeira vez a União Europeia vai emitir dívida em nome comum, com tudo o que isso tem de simbólico, mas também do risco associado. Estramos a falar do ‘Next Generation EU’, com 750 mil milhões de euros com aplicação entre 2021 e 2023 em termos de proposta de despesa, com a execução a estender-se até 2026 – com subvenções de 390 mil milhões e empréstimos de 360 mil milhões”, recordou Pedro Deus, Global Incentives Solutions partner da PwC no webinar sobre fundos europeus organizado pela consultora em parceria com o JE.
Mas talvez esta ordem de gradeza, sendo ‘grande’, não seja assim tão ‘grande’: “os Estados Unidos têm uma bazuca que é três vezes o valor da bazuca europeia” – ou seja, 1,9 biliões de dólares (que comparam com 0,75 biliões de euros).
De qualquer modo, o consultou considerou que a gestão europeia parece estar a ser eficiente – tal como o exige uma crise sanitária que resultou numa crise económica. Desde logo porque “cerca de 10% [da bazuca] foi utilizado para reforçar alguns programas de auxílio de emergência à economia, onde estão por exemplo o lay-off e outros programas da União, alguns deles até já existentes”.
De qualquer modo, Pedro Deus descobre ali um desequilíbrio: “Os países mais afetados pela primeira vaga da Covid-19 foram os mais beneficiados pelas subvenções, embora cerca de 30% possam vir a ser revistos, conforme a evolução do PIB de cada Estado-membro – para acautelar divergências de efeitos de propagação da crise que possam ter uma estrutura diferente da que foi conhecida na primeira vaga”.
Num quadro em que o PRR se organiza-se em três dimensões – resiliência, transição climática e transição digital – Pedro Deus quis definir aquelas que, entre as 19 subcomponentes do programa, possam ser as mais relevantes para as empresas. “A componente 5, de investimento e inovação, estando previstas duas linhas de investimento de mil milhões de euros, são as agendas verdes para a reindustrialização”. “Estamos a falar de criação de alianças no desenvolvimento de soluções ao longo de fileiras estratégicas para Portugal”, o que o consultor considera “interessante” – apesar de reconhecer que “tenho algum receio pelo curto espaço de tempo” e a dificuldade em as empresas “estruturarem as suas agendas – e há algum desconhecimento da forma como isto vai acontecer”.
O consultor elegeu ainda a componente 11, de descarbonização da indústria, e a componente 16, no âmbito da transição digital, como potencialmente importantes para as empresas – mesmo que esta última misture iniciativas que vão da qualificação dos recursos à cibersegurança e à desmaterialização, o que pode confundir potenciais interessados.
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