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Dinastia: Família Rothschild coloca Portugal no radar

Uma das maiores dinastias mundiais do setor financeiro e bancário há muito que diversificou os seus interesses para o setor dos vinhos. Quem não conhece, nem que seja só de nome, o famoso Chateau Lafite de Bordéus? Além do sul de França, a Benjamin de Rothschild detém vinhas em Espanha, Argentina, Chile, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Portugal poderá ser o próximo destino da atenção generosa desta dinastia iniciada em 1750 em Frankfurt.
Nuno Miguel Silva
8 Julho 2017, 09h00

A família Rothschild é um potentado das finanças internacionais. Além dos serviços financeiros e bancários, o grupo de origens e tradições judaicas, criado em Frankfurt, em 1750, por Mayer Amschel Bauer, tem apostado cada vez mais nas vinhas e nos vinhos, consolidando a sua tradição. Quem não ouviu falar (provar é mais difícil) do famoso Chateau Lafite, de Bordéus, um dos ícones da casa?

Com base na região vitivinícola de Bordéus, a família Benjamin de Rothschild tem investido forte na expansão nesta área de negócio, gerindo hoje vinhas em vários continentes, em países como o Chile, Argentina, África do Sul, Nova Zelândia, Austrália ou Espanha. Agora, Portugal pode ser o próximo destino das atenções dos Rothschild, nesta segmento específico de negócio.

A família Benjamin de Rothschild, associada à parceira Vega Sicilia, de Pablo Álvarez, tem Portugal na mira dos investimentos na área dos vinhos. Mas o país não é a única hipótese desta aliança para expandir os seus investimentos na área vitivinícola. Em declarações ao Jornal Económico, António Salgado Barahona, CEO da Edmond de Rothschild, alertou para o facto de não existir nenhum negócio fechado neste momento, mas admitiu que Portugal é uma das hipóteses de expansão dos projetos desta parceria na área dos vinhos.

“Portugal poderá ser uma hipótese para novos investimentos da Rothschild na área das vinhas. Mas será uma hipótese, assim como o pode ser a Argentina, a África do Sul, ou a Nova Zelândia, por exemplo”, reconheceu António Salgado Barahona.

O Jornal Económico apurou ainda que um dos parceiros privilegiados do império Rothschild no segmento dos vinhos, Pablo Álvarez, dono da empresa espanhola Vega Sicilia, tem um gosto antigo e persistente em gerir uma quinta de vinhos do Porto, embora ainda não tenha conseguido fechar qualquer negócio por considerar que os preços estão actualmente muito inflacionados. No entanto, nem o empresário espanhol, nem o grupo Rothschild desistiram deste intento.

A 16 de junho passado, a parceria entre os Rothschild e a Vega Sicilia inaugurou de forma pública a nova adega na região espanhola de La Rioja. Incluindo a compra de cerca de 100 hectares de vinha nesta região espanhola ao longo dos últimos anos, estamos a falar de um investimento conjunto de cerca de 35 milhões de euros, conforme revelou a baronesa Ariane de Rothschild, numa conferência de imprensa a jornalistas especializados de todo o Mundo, ocorrida no local.

“Estes são projetos de muito longo prazo. Estamos neste momento numa fase de equilíbrio. Estamos sempre mais orientados para a qualidade do que para o volume”, defendeu a baronesa Ariane de Rothschild na referida ocasião.

Por seu turno, Pablo Álvarez, dono da Vega Sicilia, confidenciou que “tentaremos no futuro fazer uma nova parceria juntos”.

Desde 2003, as duas famílias juntaram-se no projeto das Bodegas Benjamin de Rothschild & Vega Sicilia, para produzir os vinhos Macán e Macán Classico, inseridos na região demarcada de La Rioja.

Em Portugal, o grupo Rothschild (significa escudo vermelho, explicado por esse elemento se encontrar na fachada do banco comprado pelo fundador ao seu pai, como homenagem aos revolucionários judeus da Europa de Leste no século XVIII), está já presente na área bancária e financeira. A família abriu em 2000 uma sucursal, no Príncipe Real, do banco privado Edmond de Rothschild, para gerir grandes fortunas pessoais.

A Rothschild & Co é outra empresa a funcionar em Portugal, especializada em consultoria financeira. Em 2015, soube-se que o grupo criou um fundo de investimento direcionado para o setor imobiliário, mais especificamente para o investimento na aquisição de unidades hoteleiras de quatro e cinco estrelas, em que o mercado nacional era uma dos alvos preferenciais, mas de que não se conhecem operações publicamente divulgadas até ao momento.

Os Rothschild têm ainda interesses concretos no fundo de investimentos TIIC – Transport Infrastructure Investment Company, com os parceiros portugueses da Brisa e do Millennium BCP, que detém participações nas concessões de autoestradas do Litoral Oeste e do Baixo Tejo, em Portugal; da Empark (gestora de parques de estacionamentos em diversos países europeus); Albea (concessão rodoviária de 18 quilómetros no norte de França); GTC (concessão rodoviária de 125 quilómetros no norte da Polónia); e Gerediaga (concessão rodoviária por um período de 30 anos em Espanha).

O investimento na área das vinhas poderá ser a próxima aposta dos centenários e poderosos Rothschild em Portugal.

O jornalista viajou a convite da Benjamin de Rothschild

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