A ´lua-de-mel’ entre Israel e os Emirados Árabes Unidos parece estar no fim, com os dirigentes árabes a darem mostras de estarem muito pouco interessados em fazer parte dos planos de reeleição do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Os Emirados Árabes Unidos não se envolverão na campanha eleitoral israelita, disse uma fonte do governo dos Emirados citada pelos jornais israelitas. O problema é que Netanyahu parece não pensar da mesma forma, e tem acenado com uma visita ao país árabe antes das eleições da próxima semana – como forma de dar a entender que os novos entendimentos diplomáticos com alguns países árabes a ele se devem.
E devem, pelo menos em parte. A questão é que Netanyahu está a tentar provar que a ‘paz’ com os Emirados, Bahrein, Sudão, Marrocos e Kosovo faz parte de uma grande movimentação da sua autoria em favor da paz – tentando assim ‘aliciar’ o eleitorado mais à esquerda do seu partido, o Likud.
Os seus opositores contestam estas opções do primeiro-ministro. Desde logo porque a iniciativa teve a chancela da anterior administração norte-americana, liderada por Donald Trump – que colocou o país a pagar essa iniciativa. E depois porque a aproximação diplomática não só não assegura a paz, como não é propriamente irreversível. E o facto de Netanyahu insistir na anexação de novas áreas da Cisjordânia pode bem fazer desaparecer este pequeno hiato de entendimento entre muçulmanos, alguns, e Israel.
A comunicação social israelita enfatiza que o contencioso diplomático é o primeiro desde que as relações foram estabelecidas no ano passado entre Abu Dhabi e Tel Avive. Entretanto, Netanyahu negou esta quarta-feira que fará a viagem antes das eleições – mas o certo é que a viagem ainda não ocorreu porque a Jordânia decidiu boicotá-la, ao impedir que o avião que haveria de transportar o primeiro-ministro israelita sobrevoasse o seu espaço aéreo.
O ex-ministro de Estado e das Relações Exteriores dos Emirados, Anwar Gargash, escreveu no Twitter que “da perspetiva dos Emirados Árabes Unidos, o objetivo dos Acordos de Abraão é fornecer uma base estratégica robusta para promover a paz e a prosperidade com o Estado de Israel e em toda a região. Os Emirados Árabes Unidos não participarão de nenhuma campanha eleitoral interna em Israel, agora ou nunca”.
A viagem aos Emirados Árabes Unidos está planeada há vários meses, mas foi adiada várias vezes, a última delas em fevereiro. Netanyahu havia programado a viagem em novembro, depois em dezembro e depois em janeiro e fevereiro, mas a pandemia, problemas de programação e crises políticas internas levaram a atrasos repetidos. Agora, em cima das eleições, Netanyahu parece já não ter margem de manobra para a efetuar.
Os Emirados Árabes Unidos nunca confirmaram a visita programada para a semana passada, mas disseram no mesmo dia que estavam a criar um fundo de investimentos de 10 mil milhões de dólares para investirem em sectores estratégicos em Israel. A decisão, disse a agência de notícias oficial dos Emirados Árabes Unidos, a WAM, foi tomada após um telefonema “construtivo” entre Netanyahu e o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, o xeque Mohammed bin Zayed.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com