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Defensores ambientais estão a ser mortos ao ritmo mais elevado de sempre, alerta o ‘Guardian’

Cerca de duas centenas de ativistas ambientais, guardas e líderes indígenas morreram ao tentar proteger as suas terras, em 2016.
13 Julho 2017, 20h38

Ativistas, guardas florestais, e líderes indígenas estão a ser violentamente mortos, a uma taxa de cerca de quatro por semana. Esta crescente violência passa a mensagem de que “qualquer pessoa pode matar defensores ambientais sem repercussões”, escreve o The Guardian.

Segundo um relatório, o ano passado foi o mais perigoso para as pessoas que defendem o planeta terra. Cerca de duas centenas de ativistas ambientais, guardas e líderes indígenas morreram ao tentar proteger as suas terras, em 2016. De acordo com a ONG ‘Global Witness’, o número de mortos em 2016 mais do que duplicou, em relação a 2012.

Só nos primeiros cinco meses deste ano já foram registadas 98 mortes relacionadas com ativismo ambiental, noticia o Guardian, que teve acesso a informações exclusivas.

“Os direitos humanos estão a ser descartados, uma vez que uma cultura de impunidade está a desenvolver-se”, disse Ohn Knox, um dos responsáveis por elaborar os relatórios da ONU sobre direitos humanos e meio ambiente.

“Existe agora um incentivo esmagador para destruir o meio ambiente: razões económicas. As pessoas que se encontram em maior risco são pessoas que já são marginalizadas e excluídas da política e da justiça, e são dependentes do meio ambiente”, explica Knox, referindo-se, por exemplo, aos indígenas.

“Há uma epidemia, uma cultura de impunidade, uma sensação de que qualquer pessoa pode matar defensores ambientais sem repercussões… eliminar qualquer pessoa que se interponha no caminho. Isto é um resultado das explorações das minas, da exploração da madeira ilegal e da construção de barragens”.

O líder indígena mexicano e contra a exploração da madeira ilegal, Isidro Baldenegro López, foi morto em janeiro. Em maio, agricultores do estado brasileiro do Maranhão atacaram um grupo de indígenas com machados, deixando mais de uma dúzia no hospital. Também na Colômbia, Honduras, México houve confrontos da mesma natureza.

A maioria dos defensores ambientais morrem em florestas remotas ou aldeias afetadas pelos interesses económicos. Muitos dos assassinos são contratados por grandes corporações, e muito poucas pessoas foram responsabilizadas por estes atos.

Poe esta razão, o Guardian lançou um projeto, em colaboração com a ONG, para tentar registar todos os que perderam a vida em defesa do meio ambiente.

Billy Kyte, líder desta campanha da Global Witness, disse que “os assassinatos são apenas a ponta do iceberg”. “As comunidades que tomam uma posição contra a destruição ambiental estão agora na linha de fogo das empresas privadas”, disse, acrescentando que “estes não são incidentes isolados”.

Em todo o mundo, o número e a intensidade dos conflitos ambientais estão a crescer, dizem os investigadores. “Estas [mortes] são apenas as divulgadas. Pode haver até três vezes mais casos de assassinatos. Há muito mais violência agora”, disse Bobby Banerjee, investigador da Cass Business School, em Londres.

“Os conflitos estão a acontecer em todo o mundo por causa da globalização. O capitalismo é violento e as corporações globais estão à procura de países pobres para ter acesso a terras e a recursos. Esses países são mais corruptíveis e têm uma aplicação da lei mais fraca. Agora, as empresas e os governos trabalham juntos para matar pessoas”, afirmou.

Pode acompanhar o trabalho do Guardian sobre este assunto aqui.

 

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