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Abracadabra: poderá uma fórmula mágica desvendar o plano do BCE?

Segundo os cálculos do Credit Agricole CIB, o BCE irá diminuir o ritmo mensal de aquisição de ativos para 35 mil milhões a 40 mil milhões de euros no início do próximo ano. Em julho de 2018, o valor deverá transitar para 20 mil milhões de euros por mês e o programa irá chegar ao fim nesse mesmo ano.
17 Julho 2017, 17h02

Esta quinta-feira, o conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) reúne-se para discutir a política monetária da zona euro. Apesar de não ser esperado um anúncio sobre o fim do programa, Mario Draghi poderá dar novas pistas sobre o rumo a seguir. A data e forma como o BCE poderá abandonar o programa de estímulos à economia da zona euro deverá, em qualquer caso, continuar a ser uma das grandes questões atuais dos mercados.

O Credit Agricole CIB acredita ter desenhado uma fórmula para prever o ritmo do abrandamento da compra de ativos, que se baseia na famosa regra de Taylor. No entanto, esta é a “nova geração” da regra, como explicou o estrategista do banco francês, Louis Harreau, à agência Bloomberg.

A regra de Taylor de nova geração refere-se ao modelo tradicional usado por instituições como o BCE para ajustar as taxas de juro, tendo em conta a evolução da inflação e do crescimento face à meta. Harreau verificou que, até 2013, a inflação subjacente média mensal era 1,5%. A esse nível, segundo o estrategista, as políticas monetárias convencionais seriam suficientes.

Harreau analisou as três fases do Quantitative Easing na zona euro: compras mensais de 60 mil milhões de euros entre março de 2015 e março do ano seguinte; 80 mil milhões de ativos por més entre abril de 2016 e março deste ano, e a fase atual, um regresso ao ritmo mensal inicial e que deverá durar até dezembro.

Para prever o momento em que o QE vai terminar, a equação do Credit Agricole CIB calcula o valor mensal de compra de ativos em milhares de milhões de euros (QE) e das operações de refinanciamento de prazo alargado de cedência de liquidez (TLTRO na sigla em inglês). A soma destes valores, segundo a fórmula de Harreau, tem de ser igual à diferença entre a inflação subjacente média em período de políticas convencionais (1,5) e a inflação subjacente atual, resultado que é multiplicado por um número (o “fator A”) que equilibra a equação.

O estrategista processou os dados para os três períodos e concluiu que esse “fator A” é de 120. Ou seja, (QE +TLTROs) = 120 x (1,5 – inflação subjacente).

Aplicando previsões sobre a inflação a essa fórmula, Harreau prevê que o BCE irá diminuir o ritmo mensal de aquisição de ativos para 35 mil milhões a 40 mil milhões de euros no início do próximo ano. Em julho de 2018, o valor deverá cair para 20 mil milhões de euros por mês e o fim do programa irá chegar nesse mesmo ano.

Apesar de a performance passada não garantir de forma assegurada os resultados futuros, o consenso entre os analistas é que o tapering, ou a redução gradual das compras mensais, não deverá demorar.

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