Cidades como Paris e Atenas anunciaram que, a partir de 2025, deixarão de permitir a circulação de veículos Diesel, uma medida seguida por outras cidades como Estugarda, na Alemanha (promete um banimento parcial já para 2018) e que tem como objetivo melhorar a qualidade do ar e forçar os condutores a colocar no mercado veículos mais “limpos”.
Mas esses planos podem não ter o efeito desejado. Pelo menos é essa a opinião de Elżbieta Bieńkowska, Comissária Europeia para a Indústria, que diz que estas medidas podem exasperar os consumidores e mesmo prejudicar a convergência europeia para os veículos de emissões zero.
A opinião de Bieńkowska foi expressa através de uma carta aberta dirigida aos ministros dos Transportes dos 28 estados-membros da União Europeia, onde a comissária referiu ainda que os banimentos poderão ser mais um golpe num mercado onde os consumidores já se sentem enganados pelas promessas dos construtores de que os seus veículos eram “limpos”.
Esta posição é antagonista face aos movimentos ambientalistas, que afirmam que estas medidas são uma ferramenta forte para cortar as emissões de óxido de azoto e forçar os construtores a desenhar veículos menos poluentes. Greg Archer, diretor do grupo Transport & Environment, afirma que as medidas que banem das cidades veículos poluentes são “uma das poucas realmente eficazes a curto prazo” e que “estão a ter forte impacto no mercado”.
No entanto, alguns membros do Executivo de Bruxelas alertam para os possíveis efeitos colaterais, adiantando que as autoridades nacionais deveriam antes focar-se em garantir que os construtores reparam os carros em circulação, garantindo que os mesmos cumprem as normas europeias para a emissão de NOx (óxidos de azoto).
Para Bruxelas, as preocupações de Bieńkowska derivam do facto de, em alguns países, os consumidores terem sido encorajados a comprar veículos Diesel através de incentivos fiscais e que agora não podem ser privados de os conduzir.
Outro receio da comissária é o de que um banimento destes veículos poder levar a um colapso do mercado Diesel, o que seria prejudicial para os construtores, especialmente numa altura em que os reguladores querem que estes invistam em tecnologia mais “limpa” para os motores térmicos.
Na sua carta, de 17 de julho, Bieńkowska disse aos ministros que “ainda que esteja convencida de que devemos caminhar rapidamente para os veículos de emissões zero na Europa, os legisladores e a indústria não podem ser responsabilizados pelo rápido colapso do mercado do Diesel na Europa como resultado destes banimentos nas cidades”.
Os condutores, escreveu, “confiaram na promessa de ‘Diesel limpo’ feita pela indústria, que disse que os seus veículos não eram excessivamente poluentes nem colocavam em perigo a saúde pública. E agora estão a braços com os primeiros sinais da queda de preços no mercado de segunda mão destes carros.”
Assim, e além de uma abordagem mais criteriosa aos recalls (chamada às oficinas de veículos por parte do construtor), Bieńkowska quer que os construtores retirem do mercado os modelos que não cumpram os limites da União Europeia e, no limite, que sejam os reguladores nacionais a “tirá-los das estradas”.
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