A Nobre Alimentação tem um objetivo de faturação entre 115 e 120 milhões de euros para o presente exercício. Quem o diz é Rui Silva, CEO da empresa de Rio Maior, controlada pelo grupo mexicano Sigma desde 2013.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Económico, o responsável da Nobre salienta que grande parte deste ‘salto’ desde que assumiu estas funções em 2011, será conseguida pela vertente exportadora. Em 2012, a empresa partia de uma base de faturação na ordem dos 90 milhões de euros.
Nessa altura, a componente de exportação da Nobre Alimentação valia entre 6% e 7% do volume de negócios da empresa . “Em 2016, as nossas exportações valeram 38% da faturação da Nobre. E vamos reforçar essa vertente, a exportar enchidos em lata para consumidores da União Europeia. Já estamos em cerca de 40 países, em 30 de forma estável, entre a União Europeia, África e outros mercados emergentes”, revela Rui Silva.
E no mercado interno? “O nosso objetivo para 2017 é crescer, em vendas líquidas, mais 8% face ao exercício homólogo”, adianta o CEO da Nobre Alimentação, sem revelar valores absolutos.
“Descobrimos que quem procura charcutaria portuguesa é, essencialmente, o mercado da saudade. Temos seis fábricas dentro de uma só. Conseguimos produzir de uma forma muito flexível e altamente eficiente. Podemos produzir qualquer produto para qualquer país. E, hoje em dia, estamos a produzir para os nossos colegas [outras fábricas do Grupo Sigma] na Europa”, resume Rui Silva.
A Nobre tem 60 anos de existência. Nasceu em 1957, mas as raízes da família surgiram em 1918, quando o senhor Marcolino Nobre abriu um talho em Rio Maior. Depois, foram os filhos que abraçaram este negócio e durante 30 anos ficou na alçada da família. Entre 1987 e 1988, a empresa é comprada pelo ramo alimentar da BP, que a vende depois à Sara Lee Foods. Em 2006, a Sara Lee Foods vendeu a Nobre à Smithfields (EUA) em 2008, primeiro na Europa. Depois, em 2009, fez uma fusão com a Campofrío. Nesse mesmo ano, a empresa fez a aquisição da Fricarnes, o que originou que em 2010 se iniciasse uma reestruturação.
“O que se passa é que antes dessa data, o negócio da Nobre vinha a cair. O modelo de negócio da altura não estava a funcionar mais, estava a ter uma quebra de rentabilidade”, defende Rui Silva.
O CEO da Nobre revela: “Tive a autonomia para poder escolher uma equipa”. “Assim que fui nomeado CEO, contratei um novo diretor comercial, para conferir uma nova direção comercial, uma nova direcção de marketing, uma nova direção financeira e, depois, gradualmente, fiz a mesma alteração em termos de direcções de recursos humanos, logística e produção da empresa”.
No entender deste responsável, esta decisão foi crítica para alterar a cultura da companhia. “Estávamos divididos em três pólos logísticos. Criou-se um grande centro logístico em Rio Maior, a 500 metros da A15, para poder aceder a todo o mercado europeu e internacional, também por via marítima. Entre 2011 e 2013, investimos oito milhões de euros para centralizar toda a produção na fábrica de Rio Maior”, acrescenta.
Por outro lado, “alterámos toda a forma de comunicar com o consumidor, e orientámo-nos totalmente para o digital e conseguimos uma revolução na apresentação nos nossos produtos, de que o melhor exemplo é o peito de peru”.
Mais eficiência
Rui Silva destaca que, nesse tempo, a Nobre tinha 700 referências, um universo que foi reduzido para 450 referências, “conseguindo uma melhor eficiência da companhia, ganhos económicos, preços baixos, produtos ainda mais ‘premium’, como a charcutaria, em particular o presunto do ‘forno de lenha’, orientada pelo senhor Cândido, que é um dos mais antigos funcionários da casa”.
Em simultâneo, a Nobre investiu “altamente na exportação”, que em 2011, representava entre 6% e 7% do negócio. No ano passado, essa vertente já traduzia 38% do volume de negócios da empresa. Uma vertente para reforçar no futuro, garante Rui Silva.
“A nível local, abdicámos de estar em alguns negócios, mas compensámos isso com novos projetos e novas geografias. Investimos em novos processos informativos e em outros projetos de inovação alimentar, com produtos de baixa gordura, sem conservantes, sem lactoses e vegetarianos. Alguns exemplos são as salsichas de soja e de tofu, com a qualidade de sempre da Nobre. Temos a gama ‘Naturíssimos’ em Portugal, que é exportada para vários países da Europa, e produtos Nobre com baixo teor de gordura, 100% com carne de aves, em vácuo ou em frasco”, esclarece o CEO da Nobre Alimentação.
Rui Silva sublinha que “estamos a trabalhar entre a tradição e a inovação, mas queremos proteger o nosso negócio core, em que vendemos por ano mais de 60 milhões de latas – as de seis, oito ou dez salsichas são as que vendem mais – mas estamos neste momento a chegar perto de 70 milhões de latas”.
“Isto quer dizer que, por ano, há mais de seis latas de salsichas Nobre consumidas, em média, por cada consumidor português”, conclui o CEO da Nobre Alimentação.
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